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Irmandade Muçulmana declarada “grupo terrorista” no Egipto

Hamada Elrasam / VOA / Wikimedia

Apoiantes do ex-presidente do Egipto,  Mohamed Morsi

Apoiantes do ex-presidente do Egipto, Mohamed Morsi

A Irmandade Muçulmana, principal movimento político do Egipto e grupo do ex-presidente Mohammed Morsi, foi declarada “terrorista” pelo governo interino instaurado pelos militares.

O governo interino tomou a decisão após o atentado que atingiu a sede da polícia egípcia no início da semana. O Egipto vive sob forte tensão política desde a deposição do ex-presidente Mohammed Morsi por uma junta militar em julho.

O anúncio foi feito pelo vice-primeiro-ministro do Egipto, Hossam Eissa, que afirmou que a partir de agora as autoridades terão mais poderes para reprimir os membros da Irmandade Muçulmana.

Eissa acrescentou que membros, financiadores ou quem estiver a promover as actividades do grupo serão punidos.

A decisão é uma resposta ao atentado suicida à sede da polícia no distrito de Mansoura, que fez 16 mortos e mais de cem feridos, segundo o governo.

“O Egipto está horrorizado, de norte a sul, com o crime odioso cometido pela Irmandade Muçulmana”, disse Eissa.

“O ataque deu-se no contexto de uma perigosa escalada da violência contra o Egipto e os egípcios e da clarificação da Irmandade Muçulmana como um grupo que não conhece nada além da violência”, disse ainda Eissa.

Clandestinidade

A Irmandade Muçulmana negou responsabilidade no ataque, assumido por um grupo ligado à rede Al Qaeda.

Milhares de membros do grupo foram presos nos últimos meses. A Irmandade Muçulmana esteve na clandestinidade durante a ditadura militar que governou o Egipto na segunda metade do século 20.

Morsi é mantido preso desde a sua deposição. A Irmandade Muçulmana conquistou o poder nas primeiras eleições livres no Egipto, após a queda do regime militar de Hosni Mubarak, no meio de uma onda de protestos na chamada Primavera Árabe.

A liderança do grupo, que hoje se encontra no exílio, afirmou que os protestos contra o governo interino implantando pelos militares devem continuar.

Um dos líderes do grupo no exílio, Ibrahim Munir, disse à agência France Presse em Londres que a decisão “não é legítima” e afirmou que “os protestos vão continuar, certamente”.

 Derrube

O primeiro governo democraticamente eleito do país não resistiu à presão dos setores seculares do Egito, incomodados com a crescente influência islâmica nas políticas públicas do país.

O governo de Morsi aprovou uma constituição considerada pró-Islão, o que despertou o receio em grupos seculares e na minoria cristã de que o país pudesse transformar-se uma teocracia.

Morsi foi derrubado após imensas manifestações populares de grupos contrários à interferência religiosa na polícia.

O movimento, que tem 85 anos, já tinha sido banido no Egito em 1954, no início do regime militar – que se estendeu até ao governo de Mubarak.

Para tentar contornar de novo a clandestinidade, o partido registou-se como uma ONG em março deste ano.

Oficialmente, o partido da Irmandade Muçulmana é o Partido da Liberdade e Justiça, criado em 2011 como uma agremiação “não-teocrática” após a queda de Mubarak.

ZAP / BBC

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