Morreu? E depois? Nem todos os iranianos choram: presidente repressor “matou” 5.000 pessoas

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Farooq Khan/EPA

Homenagem ao presidente do Irão, Ebrahim Raisi

O histórico de Ebrahim Raisi. Cerimónias fúnebres começaram. A data das eleições presidenciais já foi anunciada.

As eleições presidenciais no Irão terão lugar no dia 28 de junho, informou esta segunda-feira a televisão estatal, após a morte do Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, e da sua comitiva num desastre de helicóptero.

“O calendário eleitoral foi aprovado na reunião de chefes do poder judiciário, do Governo e do parlamento. Com a concordância do Conselho dos Guardiães [órgão que fiscaliza a Constituição] , foi decidido que a 14.ª eleição presidencial será realizada no dia 28 de junho”, indicou o canal estatal.

Os destroços do helicóptero que desapareceu no domingo foram descobertos ao amanhecer na encosta de uma montanha, na zona de Kalibar e Warzghan, na província do Azerbaijão Oriental, onde o aparelho se despenhou por motivos ainda desconhecidos.

As cerimónias fúnebres de Ebrahim Raisi começaram nesta terça-feira de manhã na cidade de Tabriz, no noroeste do Irão.

A televisão estatal mostrou milhares de pessoas reunidas no centro da capital da província do Azerbaijão Oriental, carregando retratos do presidente que morreu aos 63 anos e das outras vítimas do acidente.

Nem todos choram

Ebrahim Raisi era conhecido pelas repressões brutais contra a oposição política. Ou seja, nem permitia a existência de opositores internos.

O falecido presidente era um clérigo conservador, duro, que ajudou a aumentar as tensões militares na Europa e no Médio Oriente e supervisionou a aplicação rigorosa dos códigos de vestuário das mulheres, lembra a NBC.

Era presidente há quase três anos. Na altura, em 2021, diversos candidatos populares foram “eliminados” das eleições. Foi uma desqualificação em massa dos candidatos Ali Larijani, Mahmoud Ahmadinejad (antigo presidente) e Eshaq Jahangiri, entre outros.

A polícia ameaçou quem não queria votar (em Raisi) e jornalistas foram ameaçados por estarem a escrever sobre os outros candidatos.

A morte de Mahsa Amini também marcou o seu mandato, em 2022. Houve protestos em massa, que até atingiram uma escala global, contra a violência de que a jovem de 22 anos foi alvo, por supostamente não usar o seu hijab de forma adequada. A sua morte foi um “incidente”, reagiu Raisi na altura.

Quatro meses depois do início desses protestos, a Agência de Notícias de Activistas de Direitos Humanos apresentou um número revelador: pelo menos 522 pessoas tinham sido assassinadas nessas manifestações, sob ordens do presidente concretizadas pelas forças de segurança. Entre as 20 mil detidas, mais de 100 enfrentavam penas de morte, recordava a Rádio Europa Livre.

Ebrahim Raisi também tinha a alcunha “Carniceiro de Teerão” – foi um dos quatro juízes que supervisionaram a execução em massa de milhares de presos políticos na década 1980, após a guerra Irão-Iraque. Fez parte da ‘comissão da morte’ dessa altura. Estima-se que mais de 5 mil iranianos “dissidentes” tenham sido executados nos primeiros anos pós-revolução (1979).

A Aministia Internacional alegava que Raisi foi responsável por “crimes contra a humanidade”.

Por tudo isto, há um Irão dividido nestes dias. Uns choram e rezam muito, outros celebram nas ruas, destaca a agência Reuters.

Há quem esteja satisfeito pela sua morte – mas há a noção de que o regime não vai mudar.

“Quem quer saber disso? Morre um líder duro, outro vai assumir o controlo e a nossa miséria continua. Estamos demasiado ocupados com assuntos económicos e sociais para nos preocuparmos com essas notícias”, reagiu um comerciante, Reza.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa

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9 Comments

  1. Apenas 5 semanas após a morte do presidente vão eleger/escolher um novo. Rapidez fenomenal. Isto diz bem da qualidade (democraticidade e transparência) do regime. Como o próprio líder supremo dizia, continua tudo na mesma. De estranho, só o presidente e o ministro viajarem juntos, precisamente na única aeronave que caiu.

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  2. E depois?
    Primeiro-ministro de Israel, Benjamim Nataliau apenas em sete meses já matou quase 40.000 incluindo crianças e continuam a dar-lhe carta branca (e mais armas) para continuar a matar.

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  3. Espero que tenha tido muito, mas mesmo muito medo antes de morrer. Só para provar um bocadinho daquilo que as mulheres que são presas no Irão sofrem por não usarem lenço sofrem.

  4. Você mesma, repare que a ONU colocou aproximadamente em metade daquilo que o hajas dizia sobre terem morrido 32 000! Como para si ainda coloca mais 8.000 mortos em cima desse número, deve achar engraçado ser uma aldrabona!

  5. Eu mesma, as mulheres Iranianas, aquelas que lutam pelos seus Direitos no Irao, aquelas que sao presas e torturadas por defenderem os mesmos valores que a Esquerdalha tanto defende em Portugal, mandam-lhe “cumprimentos”, apesar do seu comentario Hipocrita.

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