“Esquemas ou pseudo-negócios” de youtubers. Windoh nega “burla” e PGR abre inquérito

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windoh / Facebook

Diogo Figueiras / WINDOW (@windoh)

Mais de nove mil pessoas assinaram uma petição para que seja feita uma investigação a youtubers e influenciadores digitais, que define como “modernos burlões”. PGR já abriu inquérito.

Esta petição assinala que alguns youtubers “usam a sua influência” e exibem “luxos” para anunciarem esquemas “altamente aliciantes com a premissa de enriquecer rapidamente”.

São “modernos burlões” que a PJ deve levar “a sério”, salientam os autores do documento, instando as autoridades a investigar.

Como exemplos das alegadas fraudes, a petição fala na “venda de cursos” e no “uso de sistemas de afiliados“, “promovendo corretoras com alavancagens enormes que permitem o enriquecimento desonesto destes burlões à custa de perdas” das supostas vítimas.

“Estes burlões usam os mercados financeiros como ilusão para o enriquecimento rápido, para enganar as pessoas burladas como, por exemplo, Forex, ações e criptomoedas, além de promoverem grupos especiais com pagamentos mensais para terem acesso a sinais”, assinala-se ainda na petição.

Citando como “possíveis burlões” os nomes dos youtubers Numeiro, Windoh, DavidGYT, Claudio André, Fx_Papi, Joaofox92, Jamestradingjar e Consultor.academy, o documento destaca a influência que têm sobre “jovens menores de idade” como um perigo acrescido.

Se se confirmar “algum tipo de burla ou engano”, é necessário que “as suas plataformas digitais usadas para a burla desapareçam, além de serem punidos por lei”, afiança-se ainda na petição.

Neste sentido, o Ministério Público confirmou esta quinta-feira que recebeu “uma participacção relacionada” com o caso do youtuber Windoh (Diogo Figueiras) que promoveu e vendeu cursos de criptomoedas de 400 euros através das suas redes sociais.

Em resposta ao Observador sobre o caso específico do influencer, a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse ainda que a “partição deu origem a um inquérito, o qual é dirigido pelo DIAP de Lisboa”.

Windoh diz que “não existe qualquer burla”

Windoh, que foi apontado, em 2020, pela Forbes como o segundo youtuber português mais influente, atrás de Wuant, é um dos visados pela petição por estar a vender cursos de investimento em ações e criptomoedas a 400 euros.

O youtuber já veio reagir garantindo que “não existe qualquer tipo de burla”.

Num vídeo publicado no YouTube, Windoh nega que haja fraude e assegura que o seu curso foi vendido através de “uma empresa séria” que criou para o efeito. “Não tinha legitimidade nenhuma para vender uma coisa destas em meu nome”, atesta.

Se fosse um criminoso não teria ido à PJ falar sobre os inúmeros crimes que me têm atribuído nos últimos dias”, afirma ainda Windoh que anuncia que vai disponibilizar “o curso de graça”.

“Sei que os cripto-experts todos vão dizer que já sabem tudo o que estava no curso”, diz ainda, prometendo também “reembolsar toda a gente que comprou o curso“.

O youtuber RedLive13 também divulgou vídeos onde aponta o dedo a Windoh, nomeadamente após ter, alegadamente, acedido à plataforma do seu curso “depois de ter ganho acesso administrativo com uma falha” no site, como relatou.

Note-se que RedLive13, de 21 anos, foi identificado pela PJ por ter invadido aulas na plataforma Zoom, divulgando-as no YouTube, como anuncia o Jornal de Notícias.

O youtuber Hugo Medeiros, que também é conhecido online como MedHug, tem denunciado igualmente supostos esquemas sobre mercados financeiros, nomeadamente com Bitcoins, que serão praticados por outros influenciadores digitais.

A petição faz ainda referência ao facto de haver youtubers a promover “casas de apostas sem licenças para operar em Portugal“.

Em 2019, foi notícia que alguns dos youtubers portugueses mais influentes, muitos dos quais com uma audiência que é constituída por crianças, estão a publicitar sites de jogos e apostas online que são ilegais no nosso país.

Também em 2019, o YouTube desactivou a conta da “Team Strada”, o canal do youtuber Hugo Strada, que reunia vídeos com um grupo de adolescentes que desejavam ser influencers digitais. O Ministério Público chegou a abrir uma investigacção ao caso.

Susana Valente, ZAP //

3 Comments

  1. Senhores do ZAP,
    Algures no texto da notícia há uma citação ( admito que seja mesmo citação), que refere a palavra ” correctores”, tido indica que em contexto de mercados financeiros.
    Nos mercados financeiros não há ” correctores” mas sim ” corretores”.
    Corrector tem outro significado.
    Infelizmente é comum ouvir na CS chamar correctores a corretores.
    São actividades com significados muito distintos e que nada têm em comum.
    Cumps

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