John A. Larson, que criou o polígrafo na década de 1920, duvidava da precisão da sua invenção e até a descreveu como um “monstro de Frankenstein”.
Na China antiga, os interrogadores usavam arroz seco como uma ferramenta rudimentar de deteção de mentiras, acreditando que uma boca seca indicava culpa e podendo até ditar a execução.
Séculos mais tarde, a crença em sinais físicos observáveis de engano persistiu, culminando na invenção do polígrafo na década de 1920 – um dispositivo concebido para tornar o processo de interrogatório mais científico e humano.
Durante esta época, o crime aumentou, particularmente com a Lei Seca e a atividade dos gangues em cidades como Chicago. As tácticas policiais envolviam frequentemente medidas extremas, como espancamentos e tortura com privação de sono, o que conduzia a confissões pouco fiáveis.
No entanto, na Califórnia, o chefe de polícia August Vollmer e John A. Larson, um licenciado em Berkeley com um doutoramento em fisiologia, procuraram uma abordagem mais progressista. Larson trabalhou incansavelmente para desenvolver uma máquina que pudesse rastrear múltiplas respostas físicas durante o interrogatório, combinando pulso, respiração e pressão arterial numa leitura contínua.
O “cardio-pneumo-psicograma” de Larson, mais tarde conhecido como polígrafo, foi uma inovação revolucionária. Embora a imprensa o tenha aclamado como um “detetor de mentiras” infalível, o próprio Larson tinha dúvidas sobre a sua fiabilidade, especialmente depois de constatar a sua elevada taxa de erro. Apesar das suas reservas, as agências de aplicação da lei em todos os Estados Unidos adotaram rapidamente o dispositivo.
Com o passar do tempo, a popularidade do polígrafo cresceu, com milhões de pessoas a serem submetidas ao teste, especialmente durante a Guerra Fria, quando foi utilizado para interrogar alegados simpatizantes comunistas e homossexuais no governo dos EUA, explica a Smithsonian Mag.
No entanto, alguns, como o famoso espião Aldrich Ames, conseguiram escapar à deteção. Larson acabou por se distanciar do aparelho, referindo-se a ele como o seu “monstro de Frankenstein”, pois reconheceu as suas limitações e o seu potencial de utilização indevida.
Embora o polígrafo já não seja amplamente utilizado nos tribunais, continua a ser uma ferramenta para algumas agências governamentais e investigações policiais. A máquina de polígrafo original de Larson reside atualmente no Museu Nacional de História Americana do Smithsonian, onde serve como um lembrente das esperanças e das armadilhas da ciência forense.