Uma bicicleta híbrida que atinge 80 quilómetros por hora e tem autonomia para 100 quilómetros foi construída de raiz por Luís Pacheco, de Tondela, que quer despertar a curiosidade das pessoas para a mobilidade elétrica.
Em pequeno, inspirado pelo pai, que era “um grande inventor”, Luís Pacheco gostava de construir os seus brinquedos. O primeiro de que tem memória foi um comboio, teria “seis ou sete anos”.
Atualmente, com 39 anos, considera-se “um inventor e autodidata”, porque não tem formação específica em qualquer área.
“Não ter um curso superior foi uma opção minha, consciente, porque achei que conseguiria outro rendimento na vida partindo diretamente para a ação”, justificou à agência Lusa.
Luís Pacheco trabalha numa empresa que fabrica equipamentos industriais, onde é responsável de projeto, sobretudo no que respeita ao desenvolvimento de conceitos mecânicos.
Foi lá que teve a ideia de construir a bicicleta híbrida (elétrica e a pedal), que tem o nome de LUPA, numa altura em que “as pessoas não tinham ainda muita apetência para este tipo de veículo, nem pensavam a mobilidade elétrica como uma coisa efetiva nas suas vidas”, contou.
A LUPA, que tem um visual arrojado e funciona com duas baterias de lítio, demorou dois anos e quatro meses de horas livres e de fins de semana a ser construída. Ficou pronta em janeiro de 2011, mas só agora Luís Pacheco decidiu divulgá-la.
“O impacto não teria sido o mesmo. Agora as pessoas estão a interessar-se, mostram-se curiosas acerca da bicicleta, porque já estão muito mais predispostas a inteirar-se sobre o que se está a passar na área da mobilidade elétrica”, considerou.
Há dois meses, Luís Pacheco colocou-a à venda online, pela oferta mínima de 9.750 euros, “só para localizar as pessoas em termos de custo de produto”.
“Com uma produção continuada, a bicicleta tornar-se-ia muito mais acessível. Quanto maior for o número de unidades a produzir, teoricamente mais barato se torna o preço”, explicou.
Mas, para Luís Pacheco, a LUPA serve sobretudo para mostrar que se podem desenvolver muitos produtos nesta área, até porque haverá fundos comunitários disponíveis para este tipo de projetos.
“O que interessa é despertar consciências para a diferença. Pode não ser a minha bicicleta, pode ser outro produto qualquer, mas se eu conseguir orientar as pessoas para uma linha de pensamento diferente, já cumpri a minha missão”, sublinhou.
A LUPA pode atingir 80 quilómetros por hora, mas Luís Pacheco alertou que a legislação só permite 25 quilómetros por hora, tendo uma consola digital que permite programar a velocidade máxima. Com uma única carga, percorre mais de cem quilómetros por hora, demorando as duas baterias sete a oito horas a carregar.
“O público ideal para esta bicicleta, com este “design”, é jovem, que queira diferença e deslocar-se com estilo”, referiu.
Segundo Luís Pacheco, a LUPA foi “pensada de raiz para ser um meio de transporte efetivo” que, por exemplo, permita às pessoas chegarem ao trabalho sem terem de enfrentar engarrafamentos e sem estarem todas transpiradas por irem a pedalar.
Depois da LUPA, a cabeça de Luís Pacheco continua a fervilhar, com ideias como um triciclo protegido que possa ser usado em todas as estações do ano e tenha um espaço para levar as compras ou o computador, e um veículo destinado a pessoas com dificuldades motoras.
“As ideias são só limitadas ao orçamento e ao tempo disponível”, gracejou o inventor.
/Lusa