Uma nova investigação revela que, se o acesso a insulina não melhorar drasticamente, quem sofre de diabetes tipo 2 poderá ter problemas no futuro.
A diabetes é uma doença que afeta o mecanismo do processamento da glicose, o açúcar que acaba por ser o combustível das células, e no qual está envolvida a hormona insulina.
É uma doença complicada e, em muitos casos, essas complicações passam por problemas de visão, na circulação e no funcionamento dos rins, complicações essas que podem ser prevenidas com medicamentos. Noutros casos, já numa fase mais avançada da doença, é preciso administrar insulina.
Segundo um estudo publicado recentemente na Lancet Diabets, há atualmente 63 milhões de pessoas no mundo a necessitarem deste tratamento. Mas há, também, um grande calcanhar de Aquiles: só cerca de metade dessas pessoas tem acesso a insulina.
O problema é mais grave, segundo a Visão, na África e na Ásia. “Há problemas culturais, e uma certa descriminação face às pessoas com diabetes, e também dificuldades nas redes de distribuição”, explica o diretor clínico da Associação Protetora dos Diabetes de Portugal, João Raposo.
O acesso a insulina é também um problema na América, resultado de um mercado do medicamente que não está regulado. Cada fabricante pode praticar o preço que quiser. Além disso, o sistema de saúde é baseado em seguros privados e não chega a toda a população.
Mas os dados não se referem ao presente apenas. Num futuro muito próximo, em 2030, serão 79 milhões as pessoas a precisarem de tomar insulina, sendo que, destes 79, 40 milhões não terão acesso.
Em Portugal, a realidade é diferente, dado que a insulina é comparticipada a cem por cento. “As falhas na distribuição da insulina são pontuais e o seu impacto pode ser evitado se o diabético for educado para manter em casa uma reserva do produto”, realça João Raposo.
No entanto, isto não significa que esteja tudo a correr bem neste setor. “As equipas de saúde ainda não estão treinadas para lidar com com todos os aspetos e técnicas relacionadas com o tratamento de um diabético”, diz o especialista.
Além disso, há também um atraso no acesso a novas terapêuticas e tecnologias inovadoras que permitam uma melhor gestão da doença.