Para já, a empresa ainda não fez se se trata de um abandono temporário ou definitivo. Tempestade mediática em torno da influência das redes sociais na saúde mental dos jovens, sobretudo raparigas, pode ter influenciado decisão.
Ao longo do mês de setembro, uma série de reportagens publicadas pelo Wall Street Journal colocou a nu a real dimensão de um problema para o qual pedagogos e pedopsiquiatras têm vindo a alertar: as redes sociais podem ter graves consequências psicológicas nas crianças e nos mais jovens, sobretudo se nos focarmos no caso específico das raparigas.
Dizem as pesquisas que há uma maior tendência por parte deste grupo demográfico para se comparar às imagens que são publicadas nas redes sociais e, como consequência, desenvolver distúrbios decorrentes de uma auto-estimas baixas por tentarem corresponder a padrões de beleza muitas vezes irrealistas e até adulterados. De acordo com o jornal norte-americano, a Facebook, empresa que detém o Instagram, está ciente deste fenómeno. Tem mesmo, em sua posse, relatórios que o comprovam, mas escolhe não agir.
O assunto ganhou tal dimensão que o senado norte-americano tem agendada uma audiência, na qual serão ouvidos os representantes das principais empresas responsáveis pelas plataformas e que foi agendada com o nome “Proteger as crianças em contexto online: Instagram, Facebook e os perigos para a saúde mental“.
Esta segunda-feira, um novo capítulo foi acrescentado à saga, com Adam Mosseri, responsável pelo Instagram, a revelar, numa publicação no site da plataforma que os planos para a criação de uma versão da aplicação destinada a crianças foi abandonada. “Apesar de continuarmos comprometidos com a necessidade de melhorar a experiência do utilizador, decidimos parar o projeto. Desta forma, teremos tempo para trabalhar com pais, especialistas, legisladores e reguladores e ouvir as suas preocupações, mas também para demonstrar o valor e a importância desta iniciativa para os jovens atualmente”, escreveu Mosseri.
O responsável também já havia reagido, numa publicação anterior, às reportagens do Wall Street Journa, reconhecendo que estas levantaram muitas questões.
Josh Golin, diretor da Fairplay, uma associação de direitos das crianças cujo nome oficial é Campaign for a Commercial-Free Childhood, afirmou, num comunicado citado pela CNN, que este é um “marco na responsabilização das gigantes tecnológicas, mas também um grande dia para quem defende que o bem-estar das crianças deve ser priorizado em relação aos lucros destas empresas”.
A associação apelou ao Facebook que use esta “pausa” no desenvolvimento da nova aplicação para colaborar com especialistas em desenvolvimento infantil que compreendam a influência que o Instagram pode ter no bem-estar das crianças, afirmou Golin.”Não iremos parar até que o Facebook desligue a ficha.”