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Cientistas descobriram na América do Sul um inseto que emite luz azul

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(dr) Henrique Domingos / IPBIO

A larva de um mosquito fungo em Iporanga, no Brasil

Os cientistas encontraram na Mata Atlântica, no Brasil, a primeira espécie bioluminescente azul encontrada na América do Sul.

De acordo com o IFLScience, os cientistas nem sequer procuravam uma nova espécie, mas sim cogumelos bioluminescentes, quando andavam a explorar a Mata Atlântica, no Brasil. Porém, a luz vermelha das lanternas que usavam na cabeça mostrou-lhes aquela que agora é a primeira espécie bioluminescente azul da América do Sul.

“É o primeiro registo de emissão de luz azul num ser vivo na América do Sul. É também o primeiro testemunho de uma Diptera bioluminescente no mesmo local”, explica ao mesmo site Cassius Stevani, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo e autor do estudo publicado, em agosto, na revista Scientific Reports.

Esta é uma descoberta surpreendente porque, geralmente, os insetos e os fungos brilham durante a noite nas florestas, mas normalmente a luz emitida é geralmente de três cores: verde, amarelo ou vermelho.

As larvas translúcidas deste mosquito fungo (Keroplatidae), oficialmente denominadas Neoceroplatus betaryiensis, foram recolhidas de árvores que se encontravam caídas durante um período particularmente quente e chuvoso, com uma humidade relativa de 90%.

Ao toque, as larvas deixam de se iluminar na sua cauda e em dois sítios perto dos olhos, apenas brilhando outra vez quando já não se sentem agitadas pela presença de um possível predador.

Houve, no entanto, um comportamento estranho num dos seus espécimes, recolhido na parte inferior de uma folha caída. Essa larva emitiu luz em todo o seu corpo e mostrou aquilo que a equipa chamou de “comportamento bizarro”, movendo-se mais devagar e escondendo-se menos do que as restantes.

Então, a equipa levou-a para o terrário do laboratório para observar a pupa (ou crisálida), ou seja, o momento em que a larva se torna um mosquito adulto. Algumas semanas depois, não emergiu um mosquito fungo, mas sim uma vespa parasita.

A luz difusa encontrada nesta criatura “pode ser o resultado de uma reação defensiva contra o parasita ou a consequência de danos nos órgãos internos que espalham o material fotogénico ao longo do corpo da larva. No entanto, também pode pertencer a outra nova espécie que pode emitir luz por todo o corpo, tal como observado no Keroplatus nipponicus“.

Os insetos que brilham em tons de azul são raros, com essa bioluminescência a estar geralmente reservada para outras cores ou animais como algas, estrelas do mar e peixes. A descoberta abre uma possível nova via biológica para a bioluminescência, que por si só poderia ter aplicações de longo alcance na biotecnologia e marcadores genéticos.

A equipa de investigadores descobriu que as larvas contêm uma proteína armazenadora de luciferina conhecida como SBF. No futuro, os cientistas querem isolar a luciferina, clonar a luciferase do Neoceroplatus e usar técnicas de imagem para determinar a sua estrutura.

ZAP //

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