INEM diz que “foi dada resposta habitual” a mulher que morreu durante apagão

O INEM esclareceu que “foi dada a resposta habitual” no socorro a uma mulher ventilada que terá morrido devido ao apagão. Afinal, os bombeiros chegaram 23 minutos após a chamada de emergência. PS questiona demora do conhecimento deste caso.

Esta quinta-feira, a RTP noticiou que uma mulher de 77 anos morreu durante o apagão com falta de oxigénio, no Cacém, em Sintra, depois de o ventilador a que estava ligada 24 horas por dia ter ficado sem bateria.

Quando a luz foi abaixo, o aparelho ficou sem bateria. Na sequência, o filho chamou o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Inicialmente, o INEM justificou que demorou 36 minutos a chegar ao local, devido ao trânsito.

Mas, na tarde desta sexta-feira, o Instituto fez uma correção: afinal, diz ter demorado 23 minutos – naquilo a que chama uma “resposta habitual”.

“O INEM foi ativado para assistência a uma utente com dificuldade respiratória, à qual foi dada a resposta habitual do instituto através da ativação de um meio de Suporte Básico de Vida e de um meio de Suporte Avançado de Vida, conforme procedimentos instituídos no CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes]”, indica o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em comunicado.

INEM detalha tempos

Citando o verbete dos Bombeiros Voluntários de Belas, o instituto explica que “a equipa chegou ao local às 16h15, encontrando a vítima já em paragem cardiorrespiratória (PCR), tendo sido imediatamente iniciadas manobras de Suporte Básico de Vida com Desfibrilhação Automática Externa”.

O instituto refere que Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) “recebeu uma chamada via 112 às 15h52 para assistência a uma utente do sexo feminino, com aproximadamente 78 anos, que se encontrava com dificuldade respiratória, com o equipamento de suporte ventilatório não invasivo com a bateria descarregada, na localidade de Agualva-Cacém”.

Após a chamada de emergência, “foi realizada a triagem clínica da situação” e foram acionadas, às 15h57, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de São Francisco Xavier e uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Belas.

O INEM refere que, de acordo com registos da equipa médica da VMER, a viatura “chegou junto da vítima às 16h20 e deu continuidade às manobras de reanimação através da aplicação de cuidados de Suporte Avançado de Vida”.

Ou seja, os bombeiros demoraram 23 minutos; e o INEM 28 minutos.

O Ministério da Saúde salienta que apenas teve conhecimento deste caso, esta quinta-feira, três dias depois do apagão. Entretanto foi pedida uma auditoria à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para o esclarecimento cabal deste caso”, referiu o ministério, numa breve nota enviada às redações.

Pedro Nuno questiona demora na comunicação

Pedro Nuno Santos desafiou o Governo a explicar o motivo pelo qual o INEM só comunicou na quinta-feira a morte desta mulher que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão.

O líder do PS admitiu que é preciso esperar pelos resultados da auditoria pedida pela ministra da Saúde.

No entanto, “há uma coisa que a senhora ministra nos podia dizer já, que é: Porquê que é que o INEM, que, obviamente, tem conhecimento deste falecimento na segunda-feira, só comunicou ontem [quinta-feira] este acontecimento muito infeliz?

Casos idênticos no passado

Pedro Nuno Santos aludiu a outras investigações pedidas pelo Governo, dando como exemplos as auditorias solicitadas ao caso das mortes ocorridas no dia da greve do INEM e ao número de alunos sem professor.

“Passados estes meses todos, ainda não temos os resultados dessas auditorias”, salientou.

Voltando ao caso da morte da mulher alegadamente em consequência do apagão, o candidato socialista a primeiro-ministro insistiu que “é importante que esta investigação produza resultados com rapidez” para se avaliar as responsabilidades.

“Não pode acontecer um governo, em cada momento difícil, com notícias muito tristes, anuncie uma investigação e, depois, esteja meses sem apresentar esses resultados”, acrescentou.

Marcelo fala em 0 mortes

Esta tarde, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, não comentar diretamente este caso e acabou mesmo por dizer que não resultou nenhuma morte do apagão de segunda-feira.

Perante as perguntas da comunicação social, o Chefe de Estado passou uma mensagem de que, apesar das falhas de comunicação, de um modo geral, a gestão do apagão foi positiva.

Quando se diz que correu bem, diz-se que não houve mortes, não houve danos pessoais que poderiam ter acontecido, pelo menos até agora, detetados como relacionados com. Que o tempo foi longo, mas muito longo, mas foi menos longo do que o país vizinho”.

“E que perante uma situação nova, se encontrou a melhor solução possível para lidar com ela”, completou.

ZAP // Lusa

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