Mais de 80% das imobiliárias registaram quebras nas transações e na procura de imóveis em janeiro, em termos homólogos, e mais de 70% reportaram uma diminuição nestes indicadores face ao mês anterior, segundo um inquérito da associação setorial.
Num comunicado divulgado segunda-feira, citado pela agência Lusa, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) considerou que “estes números são desanimadores e retratam as consequências do confinamento que entrou em vigor a 15 de janeiro, impedindo as empresas de mediação imobiliária de desenvolver a sua atividade normalmente, por não poderem realizar visitas presenciais”.
Segundo as conclusões do Barómetro APEMIP – Janeiro 2021, realizado junto dos profissionais imobiliários a operar em Portugal, comparando a venda de imóveis no mês de janeiro com o mês anterior, 77,4% dos inquiridos confirmaram uma quebra nas transações, contra 18% que indicaram que o negócio se manteve e 4,6% que declararam que terá aumentado.
Já em comparação com o período homólogo (janeiro de 2020), 82,4% apontaram para uma quebra no negócio, 13% referiram a sua manutenção e 4,6% o seu aumento.
A APEMIP notou que “a procura reflete já o impacto da situação pandémica”, com 71% dos profissionais a assinalarem um decréscimo face ao mês anterior, subindo esta percentagem para os 84,8% quando a comparação é efetuada com igual período do ano anterior.
Citado no comunicado, o presidente da APEMIP considerou que, “se no ano passado as empresas demonstravam algum otimismo, apesar das circunstâncias, em 2021 a fadiga e as dificuldades que enfrentam é espelhada nos resultados deste barómetro”.
“Por um lado, a quebra da procura começa a ser notória, por outro as empresas continuam impedidas de fazer visitas e de desenvolver a sua atividade, o que se reflete no seu grau de otimismo para o desempenho do presente ano”, sustentou Luís Lima.
De acordo com o dirigente associativo, “61% dos profissionais declararam nunca ter efetuado qualquer negócio através de visitas virtuais e 15,3% afirmaram não ter à sua disposição meios para o fazer, o que comprova que este recurso serve só nichos muito específicos do mercado”.
Salientando que estes números confirmam “a ineficácia das visitas virtuais para a concretização de negócios”, a APEMIP apelou a que o setor seja integrado logo na primeira fase de desconfinamento.
No que diz respeito aos preços da oferta disponível, 62,5% dos inquiridos apontaram para a sua manutenção, 31,4% para a sua quebra e 6,1% registaram um aumento face ao mês anterior. Já em comparação com o período homólogo, 44,9% dos inquiridos afirmaram que os preços se mantiveram, 37,5% que diminuíram e 17,6% que terão aumentado.
Para Luís Lima, é “natural que os preços comecem a refletir os efeitos da quebra da procura e que se verifiquem algumas correções dos valores praticados”, sendo este fenómeno “particularmente notório no segmento habitacional mais alto/luxo, que se ressente pela quebra da procura estrangeira (62,6% dos inquiridos confirmam uma quebra deste negócio), uma vez que o mercado interno para absorver este tipo de ativos”.
Baseado num inquérito realizado ‘online’, o Barómetro APEMIP — janeiro 2021 decorreu entre 02 e 11 de fevereiro de 2021 e contou com cerca de 4.000 respostas de profissionais de empresas de mediação imobiliária licenciadas a operar em Portugal.
// Lusa