Imigrantes dão cinco vezes mais do que recebem. Mas não será assim para sempre

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António Cotrim / Lusa

Em 2024, os estrangeiros em Portugal deram à Segurança Social cinco vezes mais do que receberam. Entraram mais de 3,6 mil milhões de euros – o valor mais elevado de sempre.

Os imigrantes dão mais à Segurança Social do que recebem.

No ano passado, o valor das contribuições de 3.645 milhões de euros – cinco vezes mais do que os 687 milhões de euros de prestações sociais pagas.

Estes números, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), foram divulgados pelo Jornal de Notícias (JN) na edição desta segunda-feira.

Como detalha o matutino, os imigrantes brasileiros representam 37,6% das contribuições, com mais de 1372 milhões de euros enviados. Seguem-se depois a Índia (6,6%), o Nepal (4,3%), Cabo Verde (3,9%) e Angola (3,5%).

Quantos às áreas de atividade, a mais significativa no que toca às contribuições está relacionada com hotelaria e restauração (14,6%). Seguem-se as atividades administrativas e dos serviços de apoio (13,6%), comércio ou reparação de automóveis (11,5%), construção (11,3%) e agricultura e pesca (5%).

Imigração é “solução irrealista”

Em entrevista ao programa Tik Tak da Antena 1, Fernando Ribeiro Mendes considera que é errado estarmos a contar com as contribuições dos imigrantes a longo prazo para resolvermos os problemas de financiamento do sistema.

“Não é realista contar com saldo migratório positivo permanente. Não é realista. Nós agora estamos a viver esta conjuntura, mas nada nos garante que seja definitivo”; disse o antigo Secretário de Estado da Segurança Social.

Alertando para o facto de o fluxo de imigrantes que chega a Portugal pode vir a baixar, o especialista em políticas sociais refere que é urgente encontrar novas fontes para suportar a Segurança Social.

“Seria uma oportunidade de avestruz, digamos assim dizer assim: ‘olha agora a imigração resolve-nos os problemas’. Não, não resolve. Enquanto houver saldos migratórios positivos, sim, atrasa um bocadinho o problema, e isso é positivo; mas o processo de envelhecimento da população é de longo prazo e vai continuar“, perspetivou Fernando Ribeiro Mendes.

Por enquanto, as contribuições dos imigrantes continua a crescer expressivamente, a cada ano que passa. Nos últimos quatro anos, duplicaram, passando de 6,5% em 2021, para 12,4% em 2024.

Por seu turno, as contribuições dos próprios portugueses atingiram quase os 26 mil milhões de euros. No total, a Segurança Social encaixou 29.477 milhões de euros no ano passado.

Miguel Esteves, ZAP //

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