Há mesmo relação entre imigração e insegurança. O outro lado da história

Rodrigo Antunes / LUSA

Pedro Passos Coelho

Portugal está a “borrifar-se” para os imigrantes. Entre o “isto não se pode dizer” e “não é isso que está em discussão”.

Pedro Passos Coelho lançou a confusão sobre imigração vs. insegurança.

Em plena campanha eleitoral, o antigo primeiro-ministro atirou a frase polémica: “Precisamos de ter um país aberto à imigração mas, cuidado, que precisamos também de ter um país seguro”.

Rapidamente se acumularam as críticas, baseadas numa pergunta: essa conclusão baseia-se no quê?

Há algum relatório, alguma estatística, que coloca lado a lado a imigração e a criminalidade em Portugal? Não.

Pelo contrário: ao longo dos últimos anos a imigração aumentou em Portugal e, ao mesmo tempo, a criminalidade violenta e grave diminuiu. No final de 2022, dos 12 mil reclusos em prisões portuguesas, pouco menos de 2 mil eram imigrantes.

Foram, portanto, declarações “falsas e inúteis”, destacou Pedro Mexia. O comentador político destacou que, logo a seguir à frase já citada aqui, Passos Coelho disse que “as pessoas sentem uma insegurança” – mas um “sentimento não é um facto”, sublinhou Mexia, que avisou que essa associação a sensações é “abrir uma porta muito complicada”.

“A criminalidade não é “o problema número um, cinco ou dez do país“, frisou.

No mesmo programa da SIC Notícias, Ricardo Araújo Pereira foi por este caminho: “Quando a gente recorre ao Instituto Nacional do Dá-me a Sensação, isso é entrar na política de snack-bar”.

João Miguel Tavares apresentou outra perspetiva: “Estas declarações foram primárias. Mas há uma relação entre imigração e insegurança: da parte dos imigrantes. Este é um problema sério do lado dos imigrantes, para os quais o país se está a borrifar“.

Quando foi confrontado pelos colegas de painel – “não é isso que está em discussão” ou “não foi isso que Passos quis dizer” – João Miguel reagiu.

“Parece que não se pode dizer as coisas assim e que não se pode dizer de maneira nenhuma. Mas pode-se. Pode-se discutir. Não vamos dizer que não existe um problema em cima da mesa. Porque existe“, disse João Miguel Tavares.

“Não posso falar do outro lado? Isto que nós estamos a fazer aqui (não querer prolongar o assunto) é aquele eterno ciclo: Passos formulou isto de uma maneira impossível, mas podemos discutir isto de outra maneira? Não”, explicou.

“Porque o que interessa foi a maneira como ele formulou. Sei que temos um tempo limitado (no programa) mas o que estou aqui a denunciar é a maneira como vocês empurram as coisas para que os temas só possam ser discutidos de determinada maneira. É o que estão a fazer aqui”, acrescentou ocomentador.

O moderador Carlos Vaz Marques sugeriu falar sobre os problemas dos imigrantes na emissão seguinte.

E passaram para outro assunto.