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A ilha baniu os carros há mais de cem anos. O vice-presidente foi visitá-la de limusina

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Na ilha Mackinac já não circulam carros desde 1898, dois anos depois do nascimento do automóvel moderno, patenteado pelo alemão Karl Benz.

Com exceção de veículos de emergência, os carros estão proibidos na ilha há 121 anos. Em volta, só circulam barcos, bicicletas e charretes ou outros veículos puxados a animais para transporte de carga. Considerada uma espécie de resort de luxo, cujo ícone é o Grand Hotel, muito solicitado pelas melhores famílias americanas, a zona é muito procurada exatamente pelo silêncio e ar puro que oferece.

Como se não bastasse parecer estar parada no tempo, a ilha localiza-se no estado do Michigan, conhecido por ser a meca americana da produção de carros. Foi lá que Ford criou o seu modelo T e é lá que está a sede de outras grandes companhias como a General Motors, a Chrysler ou a Pontiac, recorda a Visão.

Na ilha não circulam carros, mas isso não impediu o mais recente visitante de entrar de limusina. Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos, ignorou a proibição e ainda se fez acompanhar por oito viaturas.

Esta é a primeira vez em cem anos que alguém entra de carro na ilha. É que nem anteriores governantes o fizeram. Al Gore visitou a ilha enquanto senador em 1987 e fez-se transportar numa carruagem, Gerald Ford, presidente nos anos 1970, também por lá passou e viajou a cavalo; George HW Bush, Harry Truman e John F. Kennedy, aproveitaram para mostrar os seus dotes em cima do cavalo.

Mike Pence foi à ilha para falar da conferência de líderes do Partido Republicano naquele Estado e, portanto, não demorou que algumas vozes mais descontentes invadissem as redes sociais. “Imagine-se uma coluna de oito carros em Mackinac, quebrando uma tradição com 121 anos”, lê-se numa das publicações mais partilhadas. “Perdeu o meu voto para sempre, por desrespeitar a nossa tradição.”

“O maravilhoso presidente e o maravilhoso vice-presidente precisam de sair e conhecer pessoas e não podem sair a pé e andar a partir do aeroporto”, disse ao Detroit Free Press Phil Anderson. Já Zach Gorchow, editor do Gongwer News Service, ironizou no seu Twitter: “Imagino que fossem adorar ver os Serviços Secretos a passear-se por Mackinac de bicicleta, mas ia ser mais complicado que fizessem o seu trabalho.”

O conselho da vila da ilha proibiu todas as “carruagens sem cavalos” dentro dos limites da vila de Mackinac Island em 6 de julho de 1898 devido a preocupações de que assustariam os seus cavalos.

A Comissão do Parque Estadual da Ilha Mackinac adotou a sua própria proibição em 1901, depois que um “visitante de verão” chamado Earl C. Anthony ter trazido um veículo para a ilha. Enquanto o veículo estava no parque, alguns cavalos ficaram assustados e feridos e várias carruagens foram danificadas.

ZAP //

2 Comments

  1. 1 – Mane: 100% de acordo. Sendo Republicano, pior.

    2 – Senhores: “A Comissão do Parque Estadual da Ilha Mackinac adotou a sua própria proibição em 1901, depois que um “visitante de verão” chamado Earl C. Anthony ter trazido um veículo para a ilha.” “Depois que” é uma expressão do português do Brasil, que não existe em português europeu. Além de entrar em choque com o predicado. Basta substituírem o “que” por “de” e tudo fica certo. Cumprimentos.

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