IL quer ficar entre PS e PSD. Algoritmo testou “brincadeira de mau gosto”

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Manuel De Almeida / Lusa

João Cotrim de Figueiredo

O PSD recusa a ideia e lembra que a IL tem propostas económicas de direita, mas os liberais contrapõem dizendo que têm uma visão de questões sociais à esquerda dos sociais-democratas.

Normalmente, os partidos ficam sentados na Assembleia da República de acordo com a sua posição no espectro político, com os mais à esquerda sentados à esquerda e os de direita sentados à direita.

No entanto, a Iniciativa Liberal, que vai ter agora um grupo parlamentar, quer sentar-se no centro do Parlamento, entre o PS e o PSD, com João Cotrim de Figueiredo a argumentar que quer ficar “longe dos extremos” e a recém-eleita Carla Castro a defende que a IL está “à esquerda do PSD nas questões sociais”.

Rui Rio já fez saber que não vai deixar isso acontecer “de forma alguma” e que considera a proposta dos liberais “uma brincadeira de mau gosto“, lembrando que a IL tem propostas mais à direita do que o PSD em vários parâmetros, especialmente no plano económico e fiscal, lembra o Expresso.

O analista de dados Frederico Muñoz criou um algoritmo que ajuda a determinar que partido é que está verdadeiramente no centro ao contabilizar todas as votações parlamentares da última legislatura, que foi a primeira em que a Iniciativa Liberal teve representação parlamentar.

Um voto coincidente entre partidos vale 0 pontos, um não coincidente onde haja uma abstenção vale 1 ponto e um voto totalmente divergente vale 2 pontos. Os dados concluíram que a IL está a 47 pontos do Chega e 55 do PSD, sendo que o partido com quem mais divergiu foi o PS, ficando a 69 pontos de distância.

Uma limitação do método, que o autor reconhece mas acredita ser impossível eliminar, é não ter em conta a importância de cada votação dependendo dos partidos, já que há temas que são prioritários tendo em conta a sua ideologia.

A IL parece ter razão quando argumenta que tem posições mais à esquerda em questões sociais em comparação com a direita tradicional, tendo apresentando propostas próprias ou votado a favor em temas como a legalização da eutanásia, as barrigas de aluguer, a mudança na lei da nacionalidade ou a despenalização das drogas leves.

No entanto, o argumento de Rui Rio ganha força quando se olha para os dados da base Manifesto Project, que avalia os programas eleitorais de todos os partidos na Europa. Nesta análise, o programa de 2019 da IL fica à direita do PSD e do CDS, com apenas o Chega a ter propostas mais à direita.

A análise revela que o programa da IL tem poucas referências nas questões de proteção do ambiente, do sindicalismo ou da expansão do Estado social e tem ainda o dobro de referências a propostas de austeridade em comparação com o PSD.

Esta picardia entre os dois partidos só vai ficar resolvida na conferência de líderes da Assembleia da República, que vai determinar a organização dos partidos e terá lugar esta terça-feira, já com o anúncio do voto contra do PSD.

ZAP //

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