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Idosos distribuem “abraços grátis” no Porto

José Coelho / Lusa

Um idoso do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo distribui abraços na rua de Santa Catarina, no Porto, numa campanha de sensibilização contra o abandono sénior nos lares

Um idoso do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo distribui abraços na rua de Santa Catarina, no Porto, numa campanha de sensibilização contra o abandono sénior nos lares

Cinco utentes do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, em Ílhavo, percorreram esta quarta-feira a rua de Santa Catarina, na Baixa do Porto, para distribuir abraços e ser abraçados de volta.

Alguns de cadeira de rodas, outros a empurrá-las, foram espalhando sorrisos pela rua mais movimentada do Porto, porque dizem ser “essencial, nos tempos que correm, distribuir amor e deixar claro que ainda há boas pessoas no mundo”.

“Isto é uma prova de solidariedade de uns com os outros”, disse à Lusa Maria Vitória, de 82 anos, considerando a iniciativa que partiu de um convite da associação Free Hugs – Abraços Grátis, “um bom sinal” nos tempos que correm.

“Ainda há pessoas boas neste mundo”, corroborou Ernesto Ferreira, acabado de fazer compras e de trocar abraços, assinalando que “o que é preciso é saber procurá-las”.

Para o presidente da associação Abraços Grátis, estudante de Gestão Desportiva de 22 anos, “a ideia, desde o início do projeto, sempre foi distribuir carinho e amor pelas pessoas”, algo que faziam pessoalmente por ruas, hospitais e centros de abrigo, até que decidiram convidar associações e instituições de solidariedade social.

“As pessoas estão cada vez mais fechadas e cada vez se cumprimentam menos”, sublinhou Diogo Coelho, contando que a associação a que preside quis também romper com a rotina de quem “anda nas ruas entre casa e trabalho e trabalho e casa” sem contar com surpresas ou afetos gratuitos.

O principal objetivo do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo é mesmo “multiplicar o amor dividindo-o“, nas palavras de Ângelo Valente, animador e técnico social de Ílhavo, para quem “hoje, como em qualquer altura, o amor é urgente. É urgente o amor, como alguém disse”, frisou, citando o poema de Eugénio de Andrade.

“É muito bonito e sente-se cá no coração”, disse Ana Dias, natural de Lousada, “é importante para mostrar que há paz dentro da sociedade”, considerou Marta Silva, estudante portuense, “uma pessoa fica logo com outro humor”, admitiu Mariana Ribeiro, também estudante no Porto, também acabada de abraçar e devolver abraços.

A associação Free Hugs planeia ainda outra iniciativa para dezembro, em que deverá abraçar toda a gente que encontre pelos corredores do Hospital de S. João, no Porto.

/Lusa

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