O encerramento das fronteiras entrou em vigor na Hungria, esta terça-feira, único país membro da União Europeia que adotou esta medida drástica de prevenção da importação de casos do novo coronavírus.
A partir de hoje, os cidadãos estrangeiros só podem entrar em território húngaro em algumas situações justificadas, como a concedida a quem tem de atravessar a fronteira diariamente para trabalhar, desde que venha de um raio máximo de 30 quilómetros e não permaneça no país mais de 24 horas.
Da mesma forma, podem entrar no país pessoas com contrato de trabalho de mais de 30 dias, ou participantes em “importantes eventos desportivos, culturais e religiosos”, bem como comboios militares, sendo permitido o trânsito para outros países por determinados corredores, bem como viagens diplomáticas e oficiais.
Embora existam exceções para “viagens de negócios”, estas também serão muito limitadas, de acordo com relatos dos meios de comunicação da vizinha Áustria, um país que protestou contra os efeitos negativos que espera que o encerramento da Hungria tenha na sua economia.
“No futuro, as viagens de negócios da Áustria à Hungria só ficarão isentas da proibição de entrada se uma empresa austríaca tiver uma filial na Hungria”, frisou a agência austríaca APA.
No que se refere aos turistas, a única exceção divulgada até ao momento afeta viajantes dos demais países do Grupo de Visegrado: República Checa, Polónia e Eslováquia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Péter Szijjártó, informou, na noite desta segunda-feira, que os visitantes dessas nações podem entrar com a condição de que cheguem com acomodação reservada na Hungria e apresentem resultado negativo em pelo menos um teste do novo coronavírus.
As restrições não afetam a entrada ou passagem de mercadorias.
Os cidadãos húngaros que regressam ao seu país de uma estadia no estrangeiro devem permanecer em quarentena durante 14 dias, embora possam terminar o isolamento mais cedo se nos primeiros cinco dias forem submetidos a dois testes do novo coronavírus na Hungria, separados por um intervalo de 48 horas, e ambos forem negativos.
Desde o primeiro surto da pandemia em março, a Hungria, com 9,7 milhões de habitantes, contabilizou 6257 infeções, incluindo 616 óbitos relacionados com a covid-19, o que coloca o país entre os menos afetados pelo novo coronavírus na Europa.
De acordo com o site RFI, a Comissão Europeia já alertou o Governo húngaro contra a discriminação com base na nacionalidade, reiterando a importância da “integridade do espaço Schengen” e da política de livre circulação de pessoas entre os países signatários.
“Hoje, a comissária dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, e eu vamos enviar uma carta ao Governo húngaro para lhe recordar a importância de (salvaguardar) a integridade do espaço Schengen e da aplicação de medidas fronteiriças que não sejam discriminatórias para todos os cidadãos e residentes da UE”, escreveu na sua conta do Twitter o comissário da Justiça Didier Reynders.
“Quaisquer medidas que não respeitem estes princípios fundamentais do direito europeu terão, obviamente, de ser imediatamente retiradas“, acrescentou.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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