Os humanos chegaram à China milhares de anos antes do que se pensava

T.P.S. Dave

Novas descobertas arqueológicas desafiam os pressupostos anteriores sobre o timing da presença humana na China.

De acordo com um novo estudo, os humanos modernos já viviam na atual China há 45.000 anos. Esta descoberta sugere que a nossa espécie chegou à região muito antes do que se pensava, possivelmente através de uma rota para norte que atravessava a atual Sibéria e a Mongólia.

A investigação centrou-se na reanálise do sítio arqueológico de Shiyu, no norte da China, originalmente escavado em 1963, durante a revolução cultural chinesa.

Shiyu alberga um depósito de areias e sedimentos com 30 metros de profundidade. As camadas escavadas continham mais de 15.000 artefactos de pedra, milhares de ossos de animais e um crânio de hominídeo identificado como Homo sapiens.

O estudo recente, que envolveu a reescavação de Shiyu, teve como objetivo determinar a sua idade com maior precisão. A equipa datou amostras de sedimentos e datação por carbono para ossos e dentes de animais. Os resultados indicam que a camada de hominídeos tem aproximadamente 44.600 anos.

As descobertas implicam que os humanos modernos, provavelmente o Homo sapiens, habitaram o norte da China há cerca de 45.000 anos, atrasando a cronologia estimada em aproximadamente 5.000 anos.

O coautor do estudo Francesco d’Errico, citado pela revista New Scientist, sugere que o próximo sítio mais antigo de Homo sapiens na China é a Gruta de Tianyuan, que data de há 40.000 anos.

Embora afirmações anteriores sugerissem uma presença humana na região até 260.000 anos atrás, d’Errico salienta que muitas destas afirmações carecem de provas sólidas. Especula-se agora que, quando os humanos migraram de África para a Ásia, podem ter seguido várias rotas, incluindo uma trajetória para norte. Isto está de acordo com os sinais da presença humana moderna em locais como a Gruta Obi-Rakhmat, no Uzbequistão, que remonta a 48 800 anos.

À medida que os humanos modernos se aventuravam em novos territórios, era provável que se encontrassem com espécies de hominídeos existentes, como os Neandertais e os Denisovanos, o que resultou em cruzamento genético e potenciais trocas culturais. Os artefactos encontrados em Shiyu, incluindo ferramentas semelhantes às dos antigos humanos, apoiam esta ideia.

Além disso, o estudo revela provas de trocas a longa distância, com peças de obsidiana encontradas em locais situados 800 a 1000 quilómetros a nordeste de Shiyu. Os investigadores acreditam que estas trocas indicam uma rede de grupos interligados, possivelmente ligados a descobertas semelhantes na Coreia.

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