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Hospital das Forças Armadas vai formar médicos para o SNS

A partir de 2020, o Hospital das Forças Armadas vai começar a formar médicos especialistas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Uma confirmação dada pelo ministro da Defesa que fala em “criar um círculo virtuoso” para suprir a falta de profissionais no SNS.

Em declarações à Rádio Renascença, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, destaca que o Hospital das Forças Armadas (HFAR) vai ser reforçado no quadro de pessoal para ter “idoneidade formativa”, contribuindo para a formação de médicos especialistas para o SNS.

“Em primeiro lugar, há que criar condições com algumas transferências de médicos que estão em diversos ramos das Forças Armadas para o hospital, para que possa começar a receber internos“, sustenta Gomes Cravinho, notando que é preciso “criar um círculo virtuoso” que permita à unidade responder às várias necessidades.

O despacho do ministro da Defesa com estas indicações foi assinado em Julho e a decisão resulta de um estudo encomendado pelo Governo à ex-ministra da Saúde Ana Jorge sobre o Sistema de Saúde Militar (SSM).

Este estudo defende o reforço da abertura do HFAR ao SNS e admite que possa ter capacidade formativa.

“Neste momento, há carência de lugares de formação para o internato médico no âmbito do SNS e é uma oportunidade de parceria com o SNS“, refere o documento, que diz que o HFAR pode funcionar não só como “pólo formador” de médicos das Forças Armadas, mas também receber clínicos civis do internato médico.

O Relatório do Estudo de Avaliação do SSM defende também que deve ser reforçado o acesso do HFAR às forças de segurança e que o HFAR “deveria trabalhar em articulação com as unidades de saúde dos três ramos das Forças Armadas”.

A unificação dos hospitais dos três ramos num único hospital com dois pólos “sem terem sido acauteladas outras medidas” provocou “uma disfunção do sistema, insatisfação nos profissionais e uma resposta nem sempre adequada”, refere ainda o relatório.

Segundo dados da Direcção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, de um total de 390 médicos, 189 são médicos militares e 27 destes estão na reserva. Aos 390 médicos, acresce um total de 72 internos, todos de especialidades hospitalares, com excepção de três internos de Medicina Geral e Familiar.

Os médicos das Forças Armadas estão alocados a cada um dos ramos e podem iniciar a sua carreira no SSM de duas formas: através das academias militares, obtendo a licenciatura já nas Forças Armadas ou após a licenciatura, ingressando nas Forças Armadas como oficiais.

Actualmente, após a licenciatura, estão 2 anos a prestar serviço como médicos gerais, embora possam já ter feito a opção por uma especialidade.

Face à carência de médicos para as unidades de saúde e para a saúde operacional, o relatório elaborado por Ana Jorge propõe que este tempo possa ter “um aumento para três ou quatro anos de forma a haver maior disponibilidade de médicos para a saúde operacional e assistencial nos ramos, para que, durante o internato complementar na especialidade, possa haver menos interrupções”.

“Além da sua actividade clínica, os médicos podem ser, também, os responsáveis pela formação dos mais novos, ao manterem-se no hospital”, sublinha o documento.

O relatório nota ainda que no HFAR “não deve prevalecer a hierarquia militar, mas sim a competência e a diferenciação técnica”, sublinhando que “a escolha dos dirigentes de topo e dos serviços clínicos do hospital deve guiar-se por critérios, essencialmente, de competência técnica e não por lógicas de pura alternância, nem de posto”.

O estudo considera também que a estabilização do funcionamento do hospital, com a modernização da gestão e a fixação dos profissionais mais diferenciados, “são factores de atracção para os doentes do SNS e facilitadores do estabelecimento de parcerias, entre as quais a recuperação das listas de espera nalgumas especialidades”.

ZAP // Lusa

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