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Hospitais do Centro no limite. Em Lisboa, vão abrir dois hospitais de campanha

Alejandro Garcia / EPA

Várias unidades hospitalares têm dado conta nos últimos dias de uma situação de rutura nos serviços, devido à pressão de doentes internados com covid-19.

Pela primeira vez, este domingo, os óbitos associados à covid-19 no Centro ultrapassaram os do Norte. A região tem, agora, mais de mil casos por dia. Em declarações ao semanário Expresso, Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), declarou que os hospitais estão com um “iminente esgotamento da capacidade de resposta”.

O responsável afirmou que os serviços de cuidados intensivos têm agora “critérios mais restritivos do que os de há uns meses”, ou seja, “doentes que tinham espaço em UCI há meses atrás, neste momento não têm, porque estão completamente saturadas”.

Nos serviços de urgência, o cenário não é mais animador porque “todos os hospitais têm as enfermarias covid saturadas“. Os doentes acumulam-se por falta de vagas e já há vários pacientes a serem transferidos para o Norte e para outros hospitais da região.

“O SNS colapsou. Não vale a pena inventar capacidade que o SNS não tem. Não compreendo porque é que, nesta segunda vaga, não estamos a utilizar hospitais de retaguarda”, questionou Carlos Cortes.

Segundo o jornal, os distritos de Aveiro e de Coimbra são os mais pressionados, com 36% e 28% dos casos da região, respetivamente. Em Viseu, com o Centro Hospitalar Tondela-Viseu a ter a situação mais crítica da região, foi ativado um hospital de campanha com capacidade para 64 camas.

Situação no sul do país continua complicada

Mais a sul, o Hospital de Cascais encontra-se com uma taxa de ocupação de 100% para doentes covid-19 em enfermaria e Unidade de Cuidados Intensivos, segundo dados divulgados, esta segunda-feira, à agência Lusa.

De acordo com informações disponibilizadas por fonte do hospital, existem neste momento 16 doentes infetados internados na UCI e 93 em enfermaria, o que corresponde a uma ocupação total.

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, converteu mais cinco camas para doentes covid-19, que já estão todas ocupadas, estando internados 176 doentes infetados.

Segundo uma nota do hospital, 156 doentes estão internados em enfermaria, 17 em Unidade de Cuidados Intensivos e três doentes estão em Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD).

No comunicado, o hospital salienta ainda que voltou a registar-se, esta segunda-feira, um crescimento dos doentes internados com infeção por SARS-COV-2, pelo que continua a ajustar a lotação afeta à covid-19 de modo a acomodar mais doentes.

Contactada pela Lusa, fonte do Garcia de Orta acrescentou que o hospital tem procurado transferir alguns doentes, mas que se está a revelar cada vez mais difícil encontrar alternativas noutras unidades de saúde.

Na nota, o Hospital Garcia de Orta volta também a apelar à população dos concelhos de Almada e Seixal, para que, “em caso de situações de doença aguda, recorra em primeiro lugar ao seu médico de família nos Centros de Saúde”.

Em caso de sinais e sintomas compatíveis com doença respiratória aguda, o hospital recomenda aos utentes “que se dirijam às áreas dedicadas para doentes respiratórios – ADR – dos Centros de Saúde -, reservando as situações mais graves, agudas e urgentes para serem assistidas no hospital”.

“Continuamos a trabalhar para, no final do mês de janeiro, poder expandir a Área Dedicada ao Atendimento de Doentes Respiratórios do Serviço de Urgência Geral, bem como uma nova enfermaria, em estrutura modular, para prestar assistência a doentes covid-19.”

Lisboa vai ter dois hospitais de campanha

Em declarações à TVI24, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, anunciou que, esta quarta-feira, vão abrir dois hospitais de campanha: um no Estádio Universitário e outro nas instalações da Casa dos Atletas na Cidade do Futebol, estrutura cedida pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

O hospital de campanha na Cidade Universitária vai dispor de um total de 58 camas, embora o coordenador da Estrutura Hospitalar de Contingência de Lisboa, António Diniz, tenha afirmando à Lusa que o crescimento dessa disponibilidade será “muito rápido”.

“Iremos abrir, provavelmente, com menos camas, mas estamos a ultimar toda a infraestrutura e mesmo a estrutura de recursos humanos já para a totalidade das camas”, afirmou o responsável, referindo que as instalações têm inclusive um conjunto de camas com suporte de oxigénio.

“Nesta primeira fase, o que está previsto é que sirva para drenar doentes já estabilizados, de acordo com critérios clínicos previamente definidos, dos Centros Hospitalares de Lisboa Central, Lisboa Ocidental e Lisboa Norte”, adiantou.

De acordo com o presidente da ARSLVT, já o hospital de campanha na Casa dos Atletas da FPF, que é um “hotel”, tem 44 quartos com 88 camas.

ZAP // Lusa

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