Homicida de Bruno Candé tinha plena consciência dos seus atos. MP quer 22 anos de prisão

Bruno Candé Marques / Facebook

O ator Bruno Candé Marques, morto a tiro em Moscavide, Loures

Evaristo Marinho, o homicida de Bruno Candé, tinha plena consciência dos seus atos quando cometeu o crime, lê-se no relatório do Instituto Nacional de Medicina Legal. O Ministério Público quer 22 anos de prisão.

O Ministério Público (MP) pediu, esta sexta-feira, 22 anos de prisão para o homicida do ator Bruno Candé, considerando que o crime foi premeditado e se tratou de uma “execução sumária”, escreve o Público.

O MP considerou terem ficado provadas as motivações de ódio racial do homem de 77 anos. De “especial perversidade”, a procuradora referiu ainda que o crime teve origem numa motivação fútil.

As alegações finais estavam marcadas para esta sexta-feira e, tal como na outra sessão, o arguido assistiu com “indiferença e ausência de emoção” às alegações do MP.

“Apresenta traços desadaptativos”

Depois de ter feito o primeiro depoimento no Tribunal de Loures e confessado que matou Bruno Candé, Evaristo Marinho justificou a sua detenção ao psiquiatra do Instituto Nacional de Medicina Legal e Clínica Forense (IMLCF), dizendo que estava “na PJ por ter matado um preto”.

A afirmação consta no relatório feito a pedido pelo Tribunal de Loures, que quis saber se o arguido padece de alguma doença do foro mental e se tal poderia afetar a sua capacidade de avaliação de ilicitude dos seus atos, escreve o Público.

Mas o avaliador considerou que o homicida estava consciente dos seus atos. Além de ter existido “toda uma organização anterior com vista à concretização de tal ato”, Evaristo Marinho chegou mesmo a afirmar, questionado sobre se repetiria o comportamento: “Não, talvez não.”

“Quando vi o riso dele em tom de gozo perdi a cabeça”, disse o homem ao Tribunal de Loures, confessando ter disparado seis tiros contra Bruno Candé a 25 de julho de 2020, em plena luz do dia na Avenida de Moscavide, e atribuindo-o a um impulso.

Ao médico do Instituto de Medicina Legal, relatou “espontaneamente” que carregava a arma “por precaução”.

“[Quando Bruno Candé] se começou a rir estragou a vida dele e a minha”, disse.

O arguido negou que a motivação fosse racista, mas à PJ confessou ter dito a Bruno Candé: A puta da tua mãe está numa sanzala!”

O IML acredita que Evaristo Marinho, além de estar nas suas plenas capacidades quando cometeu o crime, também o fez de forma premeditada, escreve o jornal Público.

De acordo com o perito, o arguido não tinha qualquer alteração psicopatológica à data dos factos que pudessem evidenciar a alteração da capacidade de avaliação. Porém, “apresenta traços desadaptativos, que podemos designar de dissociais”.

“Com efeito, constata-se baixa tolerância à frustração, sentimentos de raiva, e dificuldade em lidar com as contrariedades do dia-a-dia”, conclui.

ZAP //

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