Hackers atacam barragem na Noruega e libertam caudal de 7,5 milhões de litros de água

3

Bergens Tidende

Barragem de Risevatnet em Svelgen, no município de Bremanger, Noruega

As autoridades norueguesas atribuíram oficialmente um recente ciberataque a uma barragem em Bremanger, Noruega, à Rússia, levantando receios de sabotagem contra infraestruturas críticas em toda a Europa. É a primeira vez que Oslo associa formalmente um ataque deste tipo a atores pró-russos.

No passado dia 7 de abril, hackers acederam remotamente aos controlos digitais da barragem de Bremanger, que gere operações de aquicultura, e abriram uma válvula.

Segundo a agência Reuters, o ataque libertou cerca de 500 litros de água por segundo durante quatro horas consecutivas, até que as autoridades detetaram e travaram a intrusão.

Embora as autoridades norueguesas tenham confirmado que não houve feridos nem danos materiais resultantes da enxurrada de aproximadamente 7,5 milhões de litros de água, os serviços de informações afirmam que a operação fez parte de uma campanha mais ampla destinada a intimidar e desestabilizar a população.

O nosso vizinho russo tornou-se mais perigoso“, disse Beate Gangås, diretora do Serviço de Segurança da Polícia da Noruega, numa conferência sobre ataques híbridos.

Provas técnicas do ataque surgiram num vídeo de três minutos publicado no Telegram, com marcas distintivas que identificam um grupo cibercriminoso pró-russo.

O procurador da polícia Terje Nedrebø Michelsen confirmou à Norwegian Broadcasting Corporation (NRK) a autenticidade do vídeo, salientando que, embora propaganda semelhante circule nas redes sociais, este é o primeiro ataque confirmado contra a infraestrutura hídrica da Noruega desde 2022.

A Kripos, unidade de combate ao crime organizado da Noruega, disse ao jornal Aftenposten que o grupo responsável pelo ataque à barragem é composto por vários atores associados que realizaram nos últimos anos diversas operações cibernéticas contra empresas ocidentais.

As autoridades não forneceram mais pormenores, deixando em aberto a identidade concreta dos envolvidos e sublinhando as dificuldades em atribuir ataques informáticos com precisão.

Responsáveis dos serviços de informações ocidentais têm alertado que as campanhas de sabotagem atribuídas à Rússia estão a tornar-se cada vez mais imprudentes, incluindo vandalismo, incêndio, tentativas de assassinato e ciberataques desde a invasão em larga escala da Ucrânia.

No ano passado, o diretor do MI6 britânico, Richard Moore, descreveu as ações russas como uma “campanha incrivelmente imprudente” destinada a dissuadir o apoio europeu a Kiev — uma acusação que Moscovo continua a negar.

A embaixada russa em Oslo rejeitou rapidamente as acusações, classificando-as de “infundadas e politicamente motivadas“, numa resposta enviada à Reuters, e acrescentou que as alegações de sabotagem russa são uma “ameaça mítica” inventada pelas autoridades norueguesas no seu relatório anual de segurança, publicado em fevereiro.

A Noruega é um dos principais exportadores de gás, depende sobretudo da energia hidroelétrica e partilha 200 quilómetros de fronteira no Ártico com a Rússia.

Os serviços de informações noruegueses têm repetidamente alertado para os riscos para a infraestrutura nacional e a produção de energia, sublinhando a crescente sofisticação das operações cibernéticas estrangeiras.

Segundo Beate Gangås, atores estatais recorrem frequentemente a grupos de fachada para demonstrar as suas capacidades e, depois, divulgam essas ações online, como que a dizer: “vejam o que podemos fazer se quisermos“.

“Quero que os noruegueses estejam preparados”, afirmou.

ZAP //

3 Comments

Responder a Rui Cancelar resposta

Your email address will not be published.