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Debate Porto: Entre críticas à habitação e mobilidade, Rui Moreira não se livrou do Caso Selminho

Estela Silva / Lusa

Debate televisivo com os candidatos à Câmara Municipal do Porto

No debate que juntou os sete candidatos à Câmara do Porto, o caso Selminho foi o pontapé de saída. Contudo, foram os temas da habitação e da mobilidade que dominaram o frente a frente, que decorreu na Avenida nos Aliados.

Rui Moreira, que concorre para um terceiro mandato à frente da Câmara Municipal do Porto, e que as mais recentes sondagens dão uma nova maioria absoluta, vai a julgamento no Caso Selminho ainda este ano e arrisca-se a perder o mandato.

Com todos os detalhes sobre o assunto que foram sendo revelados ao longo do último ano, este ameaçava ser o tema quente deste debate, mas nenhum dos restantes candidatos o quis usar para atacar o adversário político, alegando que esta é uma questão de justiça e não política.

O candidato independente à Câmara do Porto, Rui Moreira, reiterou nada ter ganho no caso Selminho, pelo qual começa a ser julgado em novembro, afirmando ter um papel a desempenhar.

O atual presidente da autarquia sublinhou que foi na sua presidência que o terreno que estava registado em nome da imobiliária da sua família e da qual era sócio, voltou a ser propriedade da autarquia.

Questionado sobre a razão que levou a avançar com a sua recandidatura perante o clima de suspeição e uma eventual perda de mandato, o independente – apoiado nestas eleições pelo CDS e a Iniciativa Liberal – voltou a reiterar ter condições para desempenhar o cargo que desempenha.

“O que é importante que as pessoas compreendam é que, repito, a minha família nada ganhou com isso, eu nada ganhei com isso, tínhamos um terreno que a minha família perdeu. A Câmara Municipal do Porto tratou do assunto como tinha de tratar, com as mesmas pessoas que anteriormente tratavam e, portanto, tenho a minha convicção que final esse assunto ficará resolvido”, afirmou.

Moreira considera que ter “um papel a desempenhar na cidade do Porto”, onde quer, entre outros objetivos, continuar a ver os projetos que iniciou terminados.

Acredito que ainda tenho para dar à causa pública e, portanto, cá estarei”, rematou.

Tiago Barbosa Ribeiro, candidato do PS, salientou que que preza o princípio da separação de poderes e afirmou que as divergências políticas que existem entre os dois candidatos são suficientes para marcar a diferença, referindo não se sentir ensombrado pelas sondagens que apontam para uma maioria absoluta de Rui Moreira na autarquia portuense.

Vladimiro Feliz, que lidera a candidatura do PSD àquela autarquia, considera que foi Moreira a trazer o Caso Selminho para a esfera pública e política, quando, por um lado, levantou suspeições sobre o momento do anúncio da candidatura do PSD que coincidiu com a pronúncia do Ministério Público.

“Preocupa-me sim, (…) que o Dr. Rui Moreira tenha que a meio do mandato que ceder o se lugar ao seu número 2. E os portuenses têm de saber isto: que podem estar a votar no seu número 2″, disse.

Pela CDU, Ilda Figueiredo criticou a forma “incorreta” como o autarca procedeu num “caso que interessava à sua família”, mas referiu que neste momento este é um caso de justiça.

Habitação e mobilidade como prioridade

Tal como no debate lisboeta – que ocorre na noite anterior – um dos temas de principal foco foi a questão da habitação.

Tiago Barbosa Ribeiro lembrou que os portuenses estão a sofrer com os preços “incomportáveis”, numa altura em que a média do metro quadrado está a aumentar exponencialmente e tem havido um acréscimo no alojamento local em algumas regiões da cidade.

No que diz respeito a este assunto, praticamente todos os candidatos se alinharam para criticar “o modelo de negócio da cidade” gerida por Rui Moreira, alegando que as pessoas estão a ser expulsas do Porto e que há uma enorme necessidade de comprar e reabilitar habitação, investir em cresces, zonas verdes, de convívio e parar de “castigar” quem tenta voltar à cidade.

Quanto à habitação acessível, Rui Moreira admitiu que existe “carência” na cidade, sendo necessários pelo menos mais três mil fogos, apontando para estudos recentes.

Em relação à mobilidade, houve consenso quanto à necessidade de uma maior aposta nos transportes públicos, mas outras soluções também diferiram entre os candidatos.

Neste sentido, o candidato independente prometeu que a cidade terá uma linha de metro que vai permitir o transporte entre a margem sul e norte, ou seja, a ligação da linha amarela à Casa da Música.

António Fonseca, candidato do Chega, sugeriu que os veículos pesados deixem de circular no centro do Porto.

Sérgio Aires (BE) apontou, escreve o Expresso, para a necessidade de se reduzir a velocidade de circulação na cidade para 30km/h.

Já o candidato social-democrata, Vladimiro Feliz, acusou o Porto de ser “a pior cidade da Península Ibérica” ao nível da mobilidade” e prometeu um vasto pacote de medidas para resolver o problema.

Concorrem à Câmara do Porto, Rui Moreira (movimento independente “Rui Moreira: Aqui há Porto”), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre).

ZAP // Lusa

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