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Há um novo paraíso de “diamantes negros” em Portugal. Fica no Planalto Mirandês

slowmotiongli / Depositphotos

Cão farejador identifica trufa negra

O Planalto Mirandês – concretamente nas regiões entre os concelhos de Vimioso e Miranda do Douro – tem uma apetência natural para o aparecimento de trufas negras de inverno, o fungo de maior valor gastronómico conhecido.

A febre dos “diamantes negros” chegou recentemente a Portugal, depois da descoberta das trufas negras de verão, no Ribatejo.

A descoberta foi feita por um menino de 12 anos, quando passeava com o pai no campo, em Alenquer.

Agora, descobriu-se um novo paraíso de trufas negras de inverno (Tuber melanosporum), mas a norte.

O Planalto Mirandês tem atualmente uma apetência natural para o aparecimento da Tuber melanosporum – o fungo de maior valor gastronómico conhecido.

“Na região do Planalto Mirandês, entre os concelhos de Vimioso e Miranda do Douro, há uma zona calcária, com apetência para o desenvolvimento das trufas de inverno, (…) dadas as características do subsolo, como é caso da zona mineira de Santo Adrião”, disse à Lusa Manuel Moredo, presidente da associação micológica (que estuda os fungos) “A Pantorra”.

De acordo com o micólogo, já houve experiências de prospeção de trufas no distrito de Bragança, com recurso a um especialista espanhol, que trouxe cães treinados para farejar a zonas com potencial para a trufa negra.

“Este fungo está enterrado no subsolo a profundidades variadas até cerca de 20 centímetros e o cão detetou e foram encontradas algumas trufas em pequenas áreas. No caso dos concelho de Vimioso e Miranda do Douro, a área é muita vasta e este fungo poderá aparecer dadas as características do subsolo”, indicou.

As trufas dão-se em solos calcários e precisam de humidade.Também se podem dar em terrenos argilosos e onde existam condições de pluviosidade e sombreamento de outro tipo de vegetação.

Segundo Manuel Moredo, o período ideal para se encontrarem trufas negras é entre novembro e março, onde estes fungos poderão alcançar vários milhares de euros: “Neste período que as trufas negras, também conhecidas como trufas de inverno, estão em condições de serem apanhadas”, disse.

Além de ser uma iguaria usada na gastronomia, também tem propriedades medicinais por ser anti-inflamatória, promover o bem-estar do organismo e estimular o sistema imunitário.

Falta legislação para acabar com “anarquia”

Apesar do valor económico e todo o potencial gastronómico ou medicinal dos cogumelos silvestres, ainda não há legislação que regulamente o setor, em Portugal, e esse “vazio legal” não permite a “certificação” das mais variadas espécies para que se tornem numa mais-valia económica.

“Há mais de 25 anos que a associação A Pantorra, com sede em Mogadouro, luta por um código de conduta para a apanha dos cogumelos silvestres. Tem de haver legislação que acabe com a anarquia que tem havido, e há, em matéria da apanha destes fungos únicos”, reiterou Manuel Moredo.

A Pantorra já identificou mais de um milhar de espécies de cogumelos silvestres no Nordeste Transmontano nos últimos 24 anos.

“É impossível identificar todas as espécies de cogumelos. A última que nós edificámos foi há três anos, na zona de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda. Mas há milhões de espécies espalhadas por todo o mundo”, vincou este especialista em micologia silvestre.

Por esta altura do ano lameiros, florestas, soutos e pinhais, locais ideais para a apanha, e são batidos palmo a palmo nesta altura do ano pelos recoletores de cogumelos silvestres, alguns dos quais o fazem por gosto e outros porque encontraram nesta atividade uma forma de sustento.

Sanchas ou setas, boletos, repolgas, línguas de vaca, frades ou míscaros são, entre outras espécies nesta altura do ano, dos fungos mais procurados pelos apreciadores e recoletores na região do Interior Norte.

Os preços das mais variadas espécies de cogumelos silvestres em fresco podem variar entre os 12 euros por quilo no caso dos boletos e os quatro euros no caso das setas dos pinhos.

Manuel Moredo, acrescentou ainda que se está a atravessar uma boa altura para a apanha de cogumelos, porque há calor e humidade nesta época do ano, condições consideradas boas para a apanha dos fungos comestíveis.

ZAP // Lusa

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