Governos de todo o mundo têm imposto controlos de exportação rigorosos sobre estes dispositivos, mas sem dar justificações para essas restrições. O que estará por trás deste secretismo?
Discussões internacionais secretas levaram a que governos de todo o mundo impusessem controlos de exportação de computadores quânticos.
No entanto, há uma recusa geral em revelar os fundamentos científicos subjacentes aos regulamentos. Porquê?
Como refere a New Scientist, apesar do potencial teórico dos computadores quânticos para ameaçar a segurança nacional, os modelos atuais são considerados demasiado pequenos e propensos a erros para representar tal ameaça.
Tal cenário leva ao questionamento público sobre essas restrições – encaradas como aparentemente inúteis.
O Reino Unido é um dos países que proibiu a exportação de computadores quânticos, sem dar justificações. A New Scientist questionou o governo britânico sobre essa decisão, mas não obteve resposta. A mesma revista teoriza que a intenção pode ser a de restringir máquinas com uma determinada capacidade, mas o governo britânico nunca o disse explicitamente.
Outros países, como França, Espanha e Países Baixos, adotaram medidas idênticas às do Reino Unido, o que poderia sugerir um regulamento da União Europeia (UE). Mas não é esse o caso.
Um porta-voz da Comissão Europeia garantiu à New Scientist que essas medidas são de caráter nacional e não uma diretiva da UE. No entanto, os eurodeputados recusaram-se a explicar por que razão os números das várias proibições de exportação da UE coincidem exatamente, se estas decisões foram tomadas de forma independente.
À mesma revista, o porta-voz da Embaixada de França em Londres justificou os limites estabelecidos como suscetíveis de representar um risco cibernético.
“Os controlos são os mesmos em França, no Reino Unido, nos Países Baixos e em Espanha, devido a negociações multilaterais realizadas ao longo de vários anos no âmbito do Acordo de Wassenaar“.
Mas quando lhe foi pedido um esclarecimento sobre quem fez a análise ou se esta seria divulgada publicamente, o porta-voz recusou-se a fazer comentários.
O Acordo de Wassenaar, assinado por 42 países, incluindo os membros da UE, o Reino Unido, os EUA, o Canadá, a Rússia, a Austrália, a Nova Zelândia e a Suíça, regula a exportação de tecnologias que possam ter aplicações militares, conhecidas como tecnologias de dupla utilização.
Os computadores quânticos são uma tecnologia de dupla utilização devido ao seu potencial para quebrar a encriptação comercial ou governamental, bem como à possibilidade de a sua velocidade vir a permitir que os militares façam planos mais rápidos e melhores – incluindo em relação a ataques com mísseis nucleares.
O Canadá, por exemplo, foi outro dos países que implementou uma medida idêntica à dos da UE, para exportação de computadores quânticos. Mas, mais uma vez, levanta-se a questão: porquê?
Nem os especialistas percebem
Vários especialistas do setor têm-se demonstrado perplexos quanto à origem dos critérios adotados.
Christopher Monroe, cofundador da empresa de computadores quânticos IonQ, diz que as pessoas do setor repararam nas proibições idênticas em muitos países e têm discutido os seus critérios, mas não têm informações sobre a sua origem.
O especialista especula, no entanto, que as restrições podem estar relacionadas com “o limiar” para simular um computador quântico num computador normal.
Monroe alerta que limitar a investigação nesta área pode sufocar a inovação, mesmo que os dispositivos em questão ainda não tenham aplicações práticas significativas.
“A falácia é que o facto de não se poder simular o que o computador quântico está a fazer não o torna útil. E ao limitar severamente a investigação para progredir nesta área cinzenta, isso irá certamente sufocar a inovação“, afirma.
Como refere a New Scientist, o debate sobre a exportação de computadores quânticos demonstra as complexidades (mas também e sobretudo a urgência) de equilibrar a segurança nacional com a promoção da inovação tecnológica.
Enquanto as restrições atuais levantarem dúvidas, a evolução desta área continuará a ser um tema quente na política.
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