O governo das Filipinas anunciou uma suspensão temporária das importações de cebola, para já até maio mas possivelmente com extensão até julho, numa tentativa de controlar a queda acentuada dos preços do vegetal.
Esta decisão contrasta fortemente com a situação que se verificava no país há um ano, altura em que a nação do sudeste asiático enfrentava preços elevados de cebola — que chegou a custar mais do que a carne.
Em janeiro de 2023, conta a revista Time, os preços das cebolas tinham disparado os 600 pesos filipinos, cerca de 10€ por quilograma, ultrapassando o salário mínimo diário do país.
O aumento dos preços foi na altura atribuído a uma combinação de fatores, desde interrupções na cadeia de fornecimento devido à invasão russa da Ucrânia, às condições climáticas extremas e a erros de cálculo nas previsões de abastecimento por parte das autoridades alimentares locais.
Em resposta, o governo das Filipinas aumentou então significativamente as suas importações de cebola — uma medida que desagradou fortemente aos agricultores locais.
Em fevereiro do ano passado, James Ramos, administrador da Onion Farmers Philippines, expressou ao Manila Times a sua profunda preocupação com o impacto destas importações nos produtores locais.
Em dezembro , o Ministério da Agricultura das Filipinas autorizou empresas privadas a importar até 21.000 toneladas de cebolas, superando o consumo mensal estimado do país em 123%. Este aumento significativo nas importações, no entanto, levou a uma superabundância do vegetal no mercado.
Tanto, que a cebola está agora ao preço da chuva — que, diga-se de passagem, é abundante na região.
O Ministro da Agricultura, Francisco Tiu Laurel Jr. anunciou agora, numa nota publicada no site do ministério a suspensão das importações de cebola, que justificou com a necessidade de evitar novas quedas de preços, e que se manterá a menos que “uma escassez súbita exija novas importações mais cedo”.
Em 19 de janeiro, análises de mercado em Manila revelaram que as cebolas vermelhas locais estavam a ser vendidas a tão pouco quanto 110 pesos, cerca de 2€ por quilograma, enquanto as cebolas importadas estavam ainda mais baratas, a 80 pesos (menos de 1,5€).
A diminuição dos preços é em parte atribuída ao aumento da alocação de terras para cultivo de cebola nas Filipinas. Os preços à saída da exploração agrícola caíram para entre 90 cêntimos e 1,25 euros.
Em algumas regiões, como Luzon, que produz 65% do fornecimento nacional de cebolas, o quilo do vegetal chega a ser vendido a menos de 40 cêntimos, e a colheita prevista para fevereiro pode baixar ainda mais os preços, afetando negativamente a renda dos agricultores locais.
No entanto, este excedente pode não ser sustentável. As temperaturas mais altas, um período de seca prolongado previsto devido ao fenómeno climático El Niño e um aumento de atividade de pragas podem prejudicar a produção filipina de cebolas.
A decisão de suspender as importações surge após um apelo da Câmara de Agricultura e Alimentação das Filipinas, que realçava a situação crítica dos produtores locais se as importações continuassem sem restrições.
O presidente da organização, Danilo V. Fausto, advertiu que se as importações não fossem travadas, poderia ser necessário tomar medidas drásticas — como descartar o excesso de cebolas pelas ruas.
Uma decisão que deixaria certamente os habitantes da cidade a chorar.