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Há mais recuperados do que apontam os dados oficiais

António Cotrim / Lusa

A diretora-geral da Saúde admitiu esta segunda-feira que o número de doentes recuperados de covid-19 é superior ao apontado pelos dados oficiais, disponibilizados no boletim diário da DGS, por atrasos na notificação.

“Sabemos que há mais recuperados do que aqueles que, oficialmente, estão a ser notificados como recuperados”, respondeu Graça Freitas durante a habitual conferência de imprensa sobre a pandemia da covid-19.

De acordo com os últimos dados, nas últimas 24 horas 140 doentes recuperaram, pelo que 45.736 pessoas já superaram da infeção desde o início da pandemia em Portugal.

No entanto, o número real será superior.

O balanço diário da DGS é feito com base no reporte dos médicos no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) que, segundo a diretora-geral, poderá não estar a acontecer de forma tão atualizada como seria ideal.

“À medida que os casos são mais jovens, com menos sintomas, e que vão surgindo mais novos casos, a prioridade está a ser dada para tratar os novos casos e, se calhar, menos para registar os recuperados”, explicou Graça Freitas.

No entanto, nos próximos dias a DGS, em colaboração com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, vai trabalhar no sentido de atualizar esses dados.

Perfil de novos casos é diferente

Sobre a atual situação epidemiológica em Portugal, a diretora-geral confirmou ainda que a tendência nos novos casos registados e nos casos ativos é atualmente diferente daquela que marcou os primeiros meses da pandemia em Portugal, altura em que a covid-19 incidia, sobretudo, na população mais velha.

No início tínhamos mais casos idosos e, portanto, tínhamos uma maior percentagem de casos em internamento, de casos em unidades de cuidados intensivos e também de letalidade. Com o evoluir da epidemia, esta tendência sofreu uma alteração”, referiu.

Nas últimas 24 horas, apenas 11% dos novos casos confirmados tinha mais de 70 anos, exemplificou Graça Freitas, explicando que este número está relacionado, sobretudo, com o padrão de transmissão, mas também com uma maior proteção dos mais velhos.

Na mesma conferência de imprensa, a diretora-geral foi questionada sobre como as pessoas notificadas pela aplicação de rastreio ‘StayAway Covid’ devem proceder, e explicou que a primeira coisa a fazer é entrar em contacto com a linha de saúde SNS 24.

Depois, acrescentou a mesma responsável da DGS, será feito um inquérito, de forma a tentar perceber se o contacto sobre o qual foi notificada terá sido prolongado e desprotegido ou casual, sendo, a partir dessa informação, classificada ou não como um contacto de alto risco, devendo ficar em isolamento profilático.

Médico é que decide regresso à escola das crianças com cancro

Também na conferência desta segunda-feira, a diretora-geral da Saúde defendeu que cabe ao médico ou à equipa de saúde avaliar a situação particular de cada criança com cancro e decidir se deve ou não frequentar a escola.

A posição de Graça Freitas surge depois de o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa defender que, na generalidade dos casos, as crianças com cancro devem continuar a ir à escola, por não terem riscos acrescidos de contrair o novo coronavírus.

A diretora-geral da Saúde não contrariou a ideia, salientando que é preciso diferenciar os diversos estágios de cancro: “Uma criança com cancro não é necessariamente igual a outra criança com cancro”. A decisão de ir à escola “depende da fase em que está” a criança e, por isso, da avaliação feita pela equipa que a segue.

Nos casos em que as crianças já estão na fase de recuperação devem voltar a frequentar a escola, salientou Graça Freitas, durante a conferência de imprensa da DGS de balanço da pandemia de covid-19 em Portugal.

Cada criança terá de ser avaliada pelo seu médico assistente e é o seu médico ou a sua equipa que decidirá. Cada uma destas situações deverá ser vista em particular”, defendeu Graça Freitas. Nos casos em que as crianças não podem regressar à escola, existem mecanismos que permitem minimizar este impacto.

Há cerca de dois anos que existe uma portaria que prevê soluções para que estas crianças não percam o contacto com a turma nem se atrasem muito nas matérias que estão a ser dadas na sala de aula. Graça Freitas salientou ainda que “o que é desejável é que retomem a sua via plena em sociedade”.

A diretora do serviço de pediatria do IPO de Lisboa, Filomena Pereira, considerou esta segunda-feira que não existem atualmente evidências que indiquem que estas crianças têm mais risco de contrair a covid-19 ou de desenvolver formas mais graves da doença, isto, “dependendo da fase de tratamento em que se encontram”.

Portugal contabiliza mais oito mortos relacionados com a covid-19 e 623 novos casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 1.920 mortes e 69.200 casos de infeção.

ZAP // Lusa

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