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Há uma nova espécie de orangotangos (e já nasceu ameaçada)

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James Askew / SOCP / EPA

Exemplar de Orangotango-de-Tapanuli, a nova espécie agora identificada

O orangotango-de-tapanuli viu finalmente a sua existência confirmada. A nova espécie de macacos Tapanuli foi descoberta a sul do lago Toba, na ilha de Samatra, mas já só existem menos de 800 especímenes vivos.

A nova espécie vive na ilha de Samatra, na Indonésia. Um dos autores do artigo científico em que se descreve o Pongo tapanuliensis como uma nova espécie, publicado esta quinta-feira na Current Biology, explicou ao Público que “por volta de 1935 já existiam relatos da sua existência, mas ninguém foi confirmar”.

Erik Meijaard, investigador da Universidade Nacional Australiana e um dos autores do estudo, sublinha que a população “só foi descoberta em 1997“. No entanto, foram precisos muitos anos de investigação para obter provas de que esta população não seria a mesma espécie de orangotangos-de-samatra que se encontram a norte do lago Toba.

Ao longo do tempo, estes primatas foram apontados como “peculiares” por apresentarem uma sequência genética diferente de outros orangotangos que viviam no mesmo lugar. Os cientistas concluiram agora que os orangotangos-de-tapanuli formam a terceira espécie de orangotangos do planeta.

É a primeira vez em 50 anos que uma nova espécie de símio é descrita. Para além deste novo grande símio, havia já os orangotangos-de-bornéu e os orangotangos-de-samatra, ambas reconhecidas em 2001. Em 2013, surgiu material genético – o primeiro esqueleto de um orangotango-de-tapanuli – que permitiu desvendar a terceira espécie.

A equipa de investigadores das Universidades de Zurique e Liverpool John Moores e do Programa de Conservação dos Orangotangos de Samatra, confirma agora que há apenas 800 indivíduos vivos da espécie recém-descrita.

Os orangotango-de-tapanuli roubaram assim o lugar aos majestosos Gorilas do Oriente – que, com apenas 5 mil exemplares, em todo o mundo estão à beira da extinção – e são agora os grandes símios mais ameaçados do mundo.

Matt Nowak, outro autor do estudo, alerta que “se não forem tomadas medidas urgentes para diminuir as ameaças presentes e futuras e para conservar cada pedaço de floresta que resta, esta espécie de grande primata estará extinta dentro de poucas décadas”.

Os investigadores alertam ainda para a necessidade de combater ameaças como o tráfico ilegal de orangotangos, a construção de estradas e a sua morte durante conflitos com seres humanos. Mas a principal preocupação é um projeto hidroelétrico, proposto recentemente para a área com maior densidade populacional de orangotangos.

Este projeto pode levar a um maior empobrecimento genético e a maior consanguinidade, uma vez que prejudicaria os corredores de habitat existentes entre a faixa oeste e leste, bem como reservas naturais menores, que mantêm pequenas populações de Pongo tapanuliensis”, lê-se no artigo.

Jonas Landolt / EPA

Os orangotango-de-tapanuli são agora os grandes símios mais ameaçados do mundo.

“É muito excitante descobrir um grande primata em pleno século XXI“, salienta Michael Krützen, professor de Antropologia na Universidade de Zurique e também um dos autores do artigo científico.

A grande prioridade dos cientistas é agora garantir que não perdemos mais uma espécie daqueles que partilham 97% do ADN connosco, e que os orangotangos possam continuar a ajudar-nos a desvendar a história da evolução humana.

ZAP // BBC / Público

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