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Crédito à habitação: a “guerra” voltou

José Sena Goulão/LUSA

Paulo Macedo durante a apresentação dos resultados da CGD

Números recordes das taxas de juro, aposta dos bancos no crédito à habitação e queda dos spreads – a competição na banca regressou.

Os recordes sucessivos nas taxas de juro, nos últimos meses, mudaram o panorama da banca, incluindo em Portugal.

Uma das consequências deste novo cenário é cada vez mais visível competição entre bancos, no que diz respeito ao crédito à habitação.

E a “guerra” dos spreads voltou, destaca nesta sexta-feira o portal Eco.

Tentando fazer um resumo simples, o spread é o lucro do banco quando concede um empréstimo.

Só o banco público, a Caixa Geral de Depósitos chega ao spread de 1% em créditos novos. Depois vai descendo em diversos bancos, até aos 0,75% do Bankinter (que baixou o valor nesta quinta-feira). O Santander Totta tem agora uma promoção: 0,5% nos dois primeiros anos do empréstimo.

Ou seja, os valores estão a descer. A mediana do spread mínimo dos 10 maiores bancos em Portugal era 1% e agora está nos 0,85%.

Longe vão os tempos dos spreads de 0,25% (antes da crise global em 2008), mas os números começam a descer cada vez mais teste contexto.

Aliás, a “guerra no crédito à habitação” foi assumida pelo presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo.

Os bancos estão também a tentar “roubar” empréstimos à concorrência. Há novas campanhas focadas na transferências de créditos – pessoas que pediram empréstimo a um banco quando compraram a casa, mas agora outro banco tenta ficar com esse contrato.

Os bancos, agora, oferecem-se para pagar todo o processo da transferência do crédito e (alguns) apresentam spreads mais baixos a quem transfere o crédito do que às pessoas que estão a pedir o empréstimo pela primeira vez.

E também chegam a ceder ao cliente parte do valor do crédito à habitação – através do cartão bancário para o cliente gastar em compras.

Em Fevereiro, o Governo obrigou todos os bancos a apresentarem uma taxa fixa no crédito à habitação. A procura por esta opção aumentou e, por isso, também aí a concorrência apertou, com os bancos a apresentarem planos mais atractivos para o cliente; o diferencial entre taxa variável e taxa fixa está cada vez mais baixo.

Mesmo assim, e olhando para os números mais recentes do Banco de Portugal, quase 88% dos empréstimos são feitos com base na taxa variável.

Caixa estuda alternativas

A frase já citada, da “guerra”, foi dita por Paulo Macedo durante a apresentação dos resultados da Caixa Geral de Depósitos no primeiro trimestre. 

O líder do banco público revelou que a Caixa está a tentar ajudar os clientes que agora têm mais dificuldades em pagar o crédito à habitação.

Já foram alterados pouco mais de 8 mil empréstimos e poderão surgir bonificações dos juros para clientes que não tenham falhado qualquer pagamento ao banco.

Muitas prestações de Euribor a 12 meses ainda não foram actualizadas: “Mais famílias vão precisar de mais ajuda. Alguma coisa vamos fazer“, assegurou o presidente da Caixa.

ZAP //

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