UEFA: guarda-redes substituído aos 121 minutos (não, não houve penáltis)

Kirill KUDRYAVTSEV / AFP

Yuri Dyupin, guarda-redes do Rubin Kazan

Treinador do Rubin Kazan esperava o desempate por grandes penalidades, mas correu mal. Eliminatória com o RKS Raków foi atribulada, já desde o primeiro jogo.

Poderia passar despercebida mas não passou: a eliminatória da nova Liga Conferência Europa de futebol, entre Rubin Kazan e RKS Raków Częstochowa, ficou marcada por três episódios insólitos.

O primeiro aconteceu ainda antes do início do jogo da primeira “mão”. Na semana passada, as duas equipas defrontaram-se na Polónia, num encontro que até teve arbitragem de João Pinheiro. O dia do jogo, 5 de agosto, foi muito chuvoso naquela zona da Polónia, onde chegou mesmo a cair chuva torrencial. E essa chuva foi suficiente para estragar os equipamentos do Rubin.

Solução: desenhar à mão os números e nomes. Mas João Pinheiro não permitiu, interrompeu a partida e, mais tarde, vieram do balneário equipamentos novos.

Desempate com novo guarda-redes…se houvesse desempate

Uma semana depois do empate (0-0) em território polaco, a segunda “mão” desta terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa – onde também estiveram Paços de Ferreira e Santa Clara, que seguiram para o play-off.

Na Rússia, novo empate sem golos. Prolongamento. Aí, o primeiro protagonista foi o russo Ilya Samoshnikov, que viu um cartão amarelo na última jogada da primeira parte e viu outra vez o amarelo na primeira jogada da segunda parte do tempo extra. O defesa do Rubin foi expulso.

Com mais um jogador em campo, cinco minutos depois, aos 111′, o RKS Raków aproveitou e marcou, por Vladislavs Gutkovskis. 0-1 no marcador.

Aos 120 minutos, o segundo episódio que justifica este artigo: grande penalidade a favor do Rubin. Falta de Wydra sobre Uremović.

E aqui entra já o terceiro episódio insólito desta eliminatória: logo a seguir ao árbitro ter apontado para a marca da grande penalidade, o treinador do Rubin Kazan decidiu substituir o guarda-redes. Yuri Dyupin saiu, Nikita Medvedev entrou.

Uma substituição a pensar nas grandes penalidades. Quase uma fotocópia do aconteceu menos de 24 horas antes, em Belfast, onde o Chelsea conquistou a Supertaça Europeia. Aos 118 minutos, o guarda-redes titular do Chelsea, Mendy, foi substituído por Kepa – e o espanhol viria a ser essencial no triunfo sobre o Villarreal nas grandes penalidades.

Portanto, neste caso do Rubin, mesmo sem conhecermos as estatísticas de Dyupin e de Medvedev em grandes penalidades, é fácil deduzir que Leonid Slutsky, o conhecido treinador russo, decidiu trocar o guarda-redes por causa dos penáltis.

Mas voltemos ao segundo episódio: para chegar ao desempate, era preciso empatar. Era preciso marcar a tal grande penalidade assinalada aos 120 minutos. Já decorria o minuto 122′ quando Sead Hakšabanović partiu para a bola…e falhou. Vladan Kovačević defendeu.

Nikita Medvedev entrou só para correr um bocado até à sua baliza. E para ver o seu colega de equipa falhar a grande penalidade.

E para ver o RKS Raków (do português Guedes) apurar-se para o play-off, onde irá defrontar o Gent. O primeiro jogo será novamente na Polónia.

“Nunca tive um jogo tão dramático”

Leonid Slutsky apareceu na conferência de imprensa depois desta partida na Rússia e, entre várias perguntas, apareceu esta: “Como está a atitude dos seus jogadores agora? Quais são os seus planos?”

A resposta do treinador, frontal como habitualmente: “Perdemos um jogo super dramático há cinco minutos. Nunca tive um jogo tão dramático na minha vida. E estás agora a pensar nos meus planos… Se, um dia, estiveres a cair num abismo e nesse momento pensares sobre onde passarás as tuas próximas férias, terei muita inveja de ti”.

Nuno Teixeira, ZAP //

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