O presidente da Assembleia Nacional diz que “nunca houve diálogo” entre o Governo de Nicolás Maduro e a oposição porque ao regime “não lhe interessava solucionar”.
O líder político opositor Juan Guaidó questionou esta segunda-feira a decisão de vários pequenos partidos opositores de criarem uma nova plataforma de diálogo com o regime, porque intensificará a crise no país e repete manobras governamentais do passado. “Já o regime tentou, antes, este tipo de manobras, que levarão a uma maior crise, a um isolamento internacional. Não há confiança no regime.”
Durante uma conferência de imprensa em Caracas, o presidente da Assembleia Nacional (parlamento) afirmou que “nunca houve diálogo” entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição porque ao regime “não lhe interessava solucionar”.
“Já o regime tentou este tipo de manobras. Aconteceu a 20 de maio de 2018 e sabemos quais as consequências de querer negar uma solução real ao conflito. Pôr paninhos de água quente a uma emergência humanitária complexa que evolui a uma catástrofe humanitária seria irresponsável e implica um delito que lesa a humanidade”, afirmou.
Por outro lado, explicou que o Governo abandonou a mesa de diálogo em Barbados, sob o auspício da Noruega, porque a oposição propôs “um conselho de governo” para ir a uma “etapa democrática” com “garantias para todos os sectores”.
Para Júlio Borges, do partido opositor Primeiro Justiça e representante de Juan Guaidó para assuntos externos, o acordo assinado não aporta soluções à crise venezuelana. “A União Soviética e Cuba, também fabricaram uma oposição à medida e esta cumplicidade terminou sempre num grande fracasso”, escreveu no Twitter.
Segundo Maria Corina Machado, líder do partido Vem Venezuela, os partidos que assinaram o acordo não representam verdadeiramente a oposição. “É o regime a dialogar com o regime, isso não é a oposição venezuelana. Isso não é uma nação em rebeldia e todos sabemos isso. Os venezuelanos sabem e o também os seus aliados”, disse aos jornalistas.
Maria Corina Machado insistiu que a oposição se enfrenta a um regime “criminoso” e que “custou muito para que o país e o mundo entendesse que estão desmembrando a Venezuela”.
Esta segunda-feira, o Governo do Presidente Nicolás Maduro e quatro pequenos partidos opositores (Avançada Progressista, Soluções para a Venezuela, Movimento Ao Socialismo e Cambiemos), chegaram a um acordo para instalar uma nova mesa de diálogo.
O acordo foi assinado em Caracas, na Casa Amarilla (Ministério de Relações Exteriores) e prevê que os deputados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), regressem à Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria), acusada de desacato pelo regime. Também que seja conformado um novo Conselho Nacional Eleitoral, que sejam dadas garantias aos processos eleitorais e que alguns presos políticos se beneficiem com medidas alternativas à prisão.
Por outro lado, vão ser defendidos os “direitos legítimos” da Venezuela sobre o território Esequibo, em disputa com a vizinha Guiana e que sejam condenadas as sanções económicas contra a Venezuela.
O acordo prevê ainda que a Venezuela ative um programa de intercâmbio por alimentos e medicamentos, em concordância com os mecanismos técnicos existentes na ONU.
// Lusa