A proposta de Donald Trump para comprar a Gronelândia terá parecido apenas mais uma ideia megalómana do presidente dos EUA, mas não é a primeira vez que o país tenta ficar com a ilha que integra o território da Dinamarca.
Em 1946, o então presidente dos EUA, Harry Truman, ofereceu à Dinamarca a generosa quantia de 100 milhões de dólares em ouro para comprar a Gronelândia. A proposta foi recusada, mas não evitou que os dois países viessem a assinar, em 1951, um tratado que permitiu aos norte-americanos construírem na ilha a base área de Thule, a menos de 1.600 quilómetros do Pólo Norte.
Esta base aérea é a única instalação localizada a norte do círculo polar árctico e é um ponto estratégico militar fundamental para os EUA, especialmente no caso de estalar um conflito naquela zona.
Em Thule, a Defesa dos EUA tem destacado um grupo de oficiais e especialistas da Força Aérea que faz vigilância espacial e anti-mísseis. O seu trabalho é fundamental para detectar mísseis balísticos intercontinentais e satélites em órbita terrestre.
Estes dados ajudam a reforçar a importância estratégica da Gronelândia e a explicar porque é que Donald Trump manifestou interesse em comprar a ilha. A Dinamarca já disse que o território autónomo não está à venda.
Mas Trump terá, porventura, pensado que poderia fazer um negócio semelhante ao que foi feito relativamente às Ilhas Virgens Americanas que foram vendidas pela Dinamarca aos EUA, em 1916, por 25 milhões de dólares.
Cobiçada por EUA, Rússia e China
“A Gronelândia é um foco importante das defesas dos EUA”, como explica à BBC o especialista em assuntos diplomáticos Jonathan Marcus, frisando a relevância da base aérea norte-americana em Thule.
“A zona é importante estrategicamente e conforme avança o degelo e as rotas marítimas se abrem, torna-se até crucial para os países que estão fisicamente próximo”, atesta Marcus. Além dos EUA, também a Rússia e a China estão de olho na ilha.
A pretensão de Trump é reforçar a presença dos EUA no Árctico em resposta à crescente presença russa na zona. Adquirir preponderância na Gronelândia “tornaria mais difícil à Rússia selar o controlo da Rota do Mar do Norte e aliar-se com a China para a monopolizar”, frisa o colunista da Bloomberg Leonid Bershidsky citado pela BBC. Estamos a falar de uma rota que passa por águas territoriais russas e cuja navegação requer autorização da Rússia.
Já durante a II Guerra Mundial a Gronelândia foi um ponto chave para evitar um potencial ataque soviético aos EUA.
Subsolo rico em urânio, ouro e petróleo
Para lá da localização estratégica, a Gronelândia é cobiçada também pelas riquezas que guarda no subsolo.
A ilha está maioritariamente (85%) coberta por gelo e é o território menos povoado do planeta, com 2.166 milhões de metros quadrados e apenas 57 mil habitantes. Mas é rica em minerais preciosos como ouro, rubi e urânio, tendo também reservas de petróleo e de gás natural.
E as alterações climáticas e o degelo estão a facilitar o acesso aos grandes recursos naturais do território. As autoridades locais já anunciaram planos para a prospecção de petróleo, estimando-se que o Árctico terá 13% das reservas que estão por descobrir.
Em 2013, foi levantada na Gronelândia a proibição da extracção de materiais radioactivos como o urânio. Também há outras matérias-primas que podem ser exploradas para uso na produção de tecnologia e de energia, designadamente veículos eléctricos, telemóveis e turbinas eólicas.
A China terá, actualmente, o monopólio da comercialização deste tipo de elementos químicos, exportando-os depois para a Europa e para os EUA. Um grande investimento chinês já viu aprovada a construção de uma mina de urânio na ilha.
Os chineses têm aumentado gradualmente a sua influência económica na ilha, onde contam com a simpatia da população local maioritariamente constituída por elementos da etnia indígena esquimó inuit.
Uma coisa será os E U A pretenderem a aquisição há muitos anos, outra a birra do seu “presidente” em não se deslocar à Dinamarca.
EUA, Rússia, China, sugam o planeta até ao tutano. Até me pus a ouvir “Os Vampiros”, do Zeca.
A China emite menos CO2 per capita que a UE…