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Gripe pode entrar em epidemia dentro de uma semana

José Sena Goulão / Lusa

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu esta sexta-feira que a gripe pode entrar em período epidémico dentro de uma semana, mas disse que a situação atual é “de normalidade”.

Esta sexta-feira, a questão da gripe foi objeto de uma reunião na Direção-Geral da Saúde (DGS), mas segundo a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, tratou-se de uma reunião de rotina, para avaliar a situação e os indicadores em relação ao frio e aos vírus da gripe que circulam.

“Em relação à gripe a atividade está a ser particularmente tardia“, disse Graça Freitas à Lusa, à margem da cerimónia de posse dos órgãos sociais da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.

A diretora-geral explicou que nesta altura, em Portugal e na Europa, circulam vírus com “baixa intensidade” e que não se entrou ainda no período epidémico, o que deve acontecer dentro de “poucos dias” ou “uma semana”.

Graça Freitas disse que o plano de inverno está ativado, há uma planificação e há informação e monitorização da procura dos cuidados de saúde e “neste momento está tudo dentro da normalidade”.

A responsável alertou para a necessidade de as pessoas se protegerem do frio, salientou que este é o “período do ano de maior atividade para desenvolver fatores de risco”, pelo frio, pela gripe e por outros vírus, e aconselhou a população a não procurar as urgências dos hospitais como primeira opção.

“O grande conselho que damos é que não vão diretamente à urgência. A primeira porta de entrada no sistema de saúde, nesta altura, é o SNS24, através do número 808242424″, salientou, lembrando que nessa linha há enfermeiros treinados para fazer a triagem e que as pessoas podem ser tratadas em casa ou nos Centros de Saúde.

Graça Freitas aconselhou também as pessoas a não tomarem antibióticos por iniciativa própria, porque não são eficientes em doenças que são virais, a protegerem-se do frio e a hidratarem-se.

A diretora-geral disse ainda que a DGS está a equacionar no futuro poder alargar a vacina da gripe a pessoas a partir dos 60 anos, mas salientou que o fornecimento de vacinas da gripe é complicado e também de uma “logística complexa”.

Os centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo vão começar a ativar os seus planos de contingência devido ao frio, reforçando equipas e alargando os horários.

Maioria da população não recorre a serviços de saúde

Sete em cada dez pessoas com sintomas de gripe participantes num estudo disseram não ter recorrido a nenhum serviço de saúde, enquanto 11,4% referiram ter ido ao centro de saúde e 6,2% a uma urgência hospitalar.

O estudo preliminar realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) visou “caracterizar o comportamento de procura de cuidados de saúde numa amostra da população portuguesa face a sintomatologia de gripe” com base na informação recolhida pelo sistema de vigilância participativa Gripenet, nas épocas de gripe de 2011/2012 a 2016/2017.

Nas seis épocas de gripe estudadas foram identificados na base de registos de Gripenet, 4.196 casos de sintomatologia gripal, com idade entre um e 86 anos, dos quais 39,8% eram do sexo masculino, refere o estudo publicado no ‘site’ do INSA. Os resultados do estudo revelam que a maioria da população não recorre a nenhum serviço de saúde quando tem sintomas de gripe.

Sobre os serviços de saúde mais utilizados numa situação de sintomatologia da gripe, 11,4% apontaram os cuidados de saúde primários.

A ida à urgência hospitalar foi referida em 6,2% das notificações, mas variou ao longo das épocas, sendo mais elevado na época 2012/2013, em que existiu cocirculação de vírus do tipo A(H1) e B (linhagem Yamagata).

O recurso ao serviço SNS 24 foi referido por 3,7% dos casos notificados, um resultado que os autores do trabalho consideram surpreendente, “na medida em que seria expectável que quem participa num sistema de vigilância participativa ‘online’ pudesse ter uma utilização mais frequente de uma ferramenta de aconselhamento e encaminhamento à distância”.

Nas seis épocas em análise não se verificaram diferenças estatisticamente significativas no recurso às consultas de medicina geral e familiar estável. Contudo, verificou-se uma utilização mais frequente de urgências/serviços hospitalares em 2012/2013 (9,4%) comparativamente às restantes épocas (4,7% em 2013/2014 a 6,3% em 2016/2017).

A utilização do serviço SNS 24 variou significativamente entre 1,4% em 2013/2014 e 4,6% 2015/2016, refere o estudo do Departamento de Epidemiologia do INSA.

ZAP // Lusa

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