Como é estar grávida de 36 semanas e ser ameaçada de morte no Congresso

3

(dr) Nina Jankowicz

Nina Jankowicz

Desinformação, mentiras de membros do Congresso e comunicação social. “Foi a pior semana da minha vida”. Relato de Nina Jankowicz.

Nina Jankowicz é uma investigadora, escritora e especialista em combater a desinformação. É um “demónio” para a direita política nos EUA, segundo a própria.

Estávamos em 2022. Nina foi (novamente) a tribunal devido a um processo que alegava que o Governo dos EUA, em conjunto com investigadores independentes, tinha censurado compatriotas através das redes sociais.

Quando foi chamada a depor, a investigadora estava grávida de 36 semanas, “extremamente ofegante. E no meio de uma das piores semanas da minha vida“, relata.

A especialista conta na MSNBC que, ao longo desses dias, foi alvo de mentiras constantes de meios de comunicação de direita e membros do Congresso.

Na altura nomeada directora executiva do Conselho de Governança da Desinformação (ou seja, funcionária do Governo), a direita alegava que esse Conselho foi criado para controlar as perspectivas dos norte-americanos e que Nina Jankowicz iria ser “a principal censora” do país.

“As alegações resultaram em assédio incessante, divulgação de dados privados sobre mim e ameaças de morte credíveis a mim e à minha família”, desabafa.

Mesmo assim, quando soube que estava incluída nesse processo… começou a rir.

Estava incluída numa lista de dezenas de funcionários “suspeitos”, incluindo o presidente Joe Biden. E nunca tinha falado com nenhum deles, “muito menos conspirado com eles para estabelecer um vasto regime de censura”.

A ideia dos acusadores, de acordo com Nina, era apenas “difamar os nomeados (para o Conselho) como traidores e a congelar o trabalho que tinha sido estabelecido para proteger o nosso ambiente de informação antes de eventos-chave, incluindo a eleição presidencial de 2024. Os republicanos estavam a entrar num jogo longo”, descreve.

Semanas depois, Nina deixou o Departamento de Segurança Nacional dos EUA. E saiu do caso.

Foi já longe da Casa Branca que, no Verão passado, soube que os funcionários do Governo dos EUA estavam proibidos de terem contacto redes sociais ou determinados pesquisadores independentes, exceptuando poucas situações. “Fiquei preocupada”, revela.

Além disso, tem crescido “a mentira” de que o Governo estava a conspirar com um grupo secreto de investigadores para censurar conservadores. Com muita “ficção e fabricações” de conteúdo pelo meio, avisa.

Passados dois anos, uma vitória: no mês passado, Junho, o caso foi arquivado. O tribunal entendeu que não havia base para a “teoria”. Porque são precisas provas; “meras alegações não chegam”, explicou a juíza Amy Coney Barrett.

Nina Jankowicz acredita que esta decisão é importante porque vai dificultar novas teorias do género, de charlatães e fraudadores.

Mas as consequências ficam: ainda hoje a família de Nina é ameaçada frequentemente, foram gastos dezenas de milhares de dólares em honorários.

Nina alerta para um cenário geral de mentiras e distorções a originarem pressões e até encerramento de institutos. É um “discurso silenciado” para quem combate a desinformação.

E, sem surpresa, no final fica um aviso sobre o que vem aí até Novembro: “Cabe a todos os americanos proteger esta eleição das ameaças de desinformação”. Porque “a democracia está em jogo”.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

3 Comments

  1. Grávida por 36 meses?! Eu completo 40 semanas amanhã, e já é um longo período. Corrijam o título da notícia, para 36 SEMANAS.

    Obrigada!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.