Governo recusou dar 12 milhões pela Inapa, mas dois ativos já foram vendidos por 45 milhões

A Parpública recusou injetar 12 milhões de euros para salvar a empresa da insolvência, mas dois dos seus principais ativos já foram vendidos por 45 milhões de euros.

Nas últimas semanas, a Inapa, uma das maiores distribuidoras de papel da Europa, entrou em insolvência. Dois ativos significativos do grupo, a Inapa Packaging e a Inapa France, foram vendidos por 20 e 25 milhões de euros, respetivamente, operações que poderiam ter evitado o colapso se fossem realizadas antes do pedido de insolvência em julho.

A administração da Inapa, assim como a Parpública, que detém 44% da empresa, estão a ser acusadas de inércia. A Parpública recusou anteriormente um pedido de financiamento de emergência de 12 milhões de euros, justificado pela necessidade de apoiar a subsidiária alemã da Inapa, explica o DN.

A situação tornou-se mais delicada quando se soube que o JPP, que agora adquiriu a Inapa France, tinha mostrado interesse na compra do grupo antes da insolvência, mas sem sucesso. Além disso, o grupo japonês admitiu a possibilidade de adquirir a operação portuguesa da Inapa, o que gerou ainda mais críticas dos acionistas sobre a gestão anterior das negociações e a recusa de potenciais compradores.

Outro ponto crítico é o papel da PwC, auditor externo da Inapa, cuja atuação está a ser investigada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O relatório de contas de 2023, aprovado em maio, não levantou reservas sobre a continuidade das operações da Inapa em 2024, o que contrasta com o colapso ocorrido apenas dois meses depois.

Os acionistas estão a considerar ações judiciais contra a administração da Inapa e o auditor, enquanto a CMVM continua a analisar o caso. A forma como o processo de insolvência foi conduzido, especialmente em relação à venda de ativos que poderiam ter mantido a empresa viável, está no centro das críticas.

Gestor de insolvência ganha 15 mil euros mensais

O administrador de insolvência da Inapa, Bruno Costa Pereira, vai auferir um salário de 15 mil euros mensais, acrescidos de 23% de IVA, enquanto estiver à frente da gestão do processo de insolvência da empresa. O plano de remuneração foi aprovado por 99,94% dos credores da Inapa, uma empresa de participações e gestão em que o Estado, através da Parpública, detém 44,89% do capital social.

De acordo com o Correio da Manhã, a remuneração de Costa Pereira foi estipulada durante a assembleia de credores realizada no dia 27 de setembro de 2023. De acordo com a ata da reunião, o administrador recebe esta quantia desde 1 de agosto, data em que a insolvência da Inapa foi oficialmente declarada pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa e Oeste. O pagamento do salário será feito com as receitas provenientes da massa insolvente da empresa.

Além do salário mensal, Bruno Costa Pereira vai também receber 30 mil euros pela elaboração de um plano de insolvência que visa rentabilizar os ativos apreendidos para a massa insolvente. Este plano deverá ser concluído no prazo de 90 dias, o que implica um pagamento adicional de 10 mil euros por mês ao administrador.

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