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Governo pressionado a “limpar” PSP e GNR. Chega recusa dar nomes de polícias simpatizantes ou militantes

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Quase 600 agentes da PSP e da GNR foram “apanhados” a publicar mensagens racistas e xenófobas nas redes sociais. Estão agora a ser investigados e, à boleia disso, os partidos da oposição pressionam o Governo para fazer uma “limpeza” na PSP e na GNR. Já o Chega fala em “perseguição à classe policial”.

Um consórcio português de jornalistas de Investigação “apanhou” 295 agentes da GNR e 296 da PSP a usarem as redes sociais para disseminar mensagens de ódio, com conteúdos racistas, xenófobos e homofóbicos, incluindo apelos à violência contra políticos.

O Governo está, agora, a ser pressionado para promover uma “limpeza” nas duas forças de autoridade, para erradicar de vez este tipo de comportamentos.

O Ministério Público (MP) já instaurou um inquérito em torno das mensagens de ódio divulgadas em vários meios de comunicação social e a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) também está a investigar o caso.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, refere que “esta situação exige uma atitude de grande lucidez, firmeza, determinação e consequência“, conforme declarações divulgadas pelo Diário de Notícias (DN).

Contudo, o governante repara que é preciso “não confundir a parte com o todo”, entaltecendo que a “esmagadora maioria” dos agentes “zela pela defesa dos valores constitucionais e pelo Estado de direito”. Quanto a quem não o faz, é preciso mão firme, defende o ministro.

O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, também pede que se atribuam “responsabilidades do ponto de vista interno e até externo” para “separar o trigo do joio” e “separar aqueles que eventualmente terão cometido crimes de incitamento à violência ou de xenofobia ou racismo de todos os outros, que são a esmagadora maioria das forças de segurança em Portugal”, aponta em declarações citadas pelo DN.

O Bloco de Esquerda (BE) pede a presença urgente de José Luís Carneiro no Parlamento, notando que é “um tema preocupante e que merece explicações por parte do ministro da Administração Interna“, conforme declarações da deputada Mariana Mortágua aos jornalistas na Assembleia da República.

Carneiro “tem de explicar ao país, para bem da credibilidade das forças de segurança, o que pretende fazer para lidar com este problema que, a confirmar-se, revela uma infiltração estrutural da extrema-direita e do seu discurso violento, racista e de ódio”, acrescenta Mortágua.

O PCP, por seu turno, defende “medidas no plano de selecção, formação e enquadramento operacional que previnam o desenvolvimento de tais concepções”.

Ventura fala em “saneamento e perseguição” aos polícias

Muitos dos autores das mensagens de ódio detectadas nas redes sociais pelo consórcio de jornalistas assumem ser apoiantes ou militantes do Chega ou de outros movimentos de extrema-direita.

Mas o líder do Chega, André Ventura, garante que não vai colaborar com o Governo para identificar estes agentes.

“Não peçam ao Chega que colabore com o Governo a dizer se os polícias são ou não próximos do Chega, se as suas famílias são ou não próximas do Chega, se eles são ou não militantes do Chega para irem atrás deles, suspenderem os salários, as carreiras e a progressão das suas vidas”, atira Ventura.

Não o faremos, a menos que sejamos intimados pela justiça para tal”, acrescenta o deputado.

“O que está a acontecer é um saneamento e perseguição à classe policial“, diz ainda Ventura, revelando que há polícias a serem questionados nas suas esquadras, sobre se têm alguma ligação ao Chega.

Não podemos fazer dos polícias robôs que não podem ter nenhuma participação política, nenhuma preferência nem nenhuma ligação”, considera também Ventura, frisando que, durante anos, ninguém se preocupou com o facto de outras classes profissionais serem próximas de partidos como o PCP, o BE e o PS.

“Não se pode pedir aos polícias que olhem para o lado e não vejam a sociedade em que estão a viver”, nota também, salientando que o Governo está a tentar “denegrir” a imagem dos agentes e a “fazer do Chega bode expiatório” para “desviar atenções”.

Organização sindical lamenta notícias “manipuladoras”

A Organização Sindical dos Polícias (OSP), que é visada nas reportagens difundidas, lamenta a “forma execrável” como alguns dos seus elementos foram “expostos e depreciativamente associados ao Chega, insinuando uma tendência ou conotação política”.

Em comunicado, a OSP esclarece que a direcção do Sindicato foi, no passado, convidada por este partido para uma reunião que tinha por objectivo discutir as condições de trabalho e a carreira dos polícias. Por isso, desafia todos os outros partidos a fazerem o mesmo.

A OSP também lamenta a exposição de um seu dirigente que, “de forma gratuita e tendenciosa, viu o seu bom nome posto em causa repetidas vezes, em referência a um caso sucedido em 2011, devidamente julgado e concluído em tribunal”.

Em causa estão as referências a Luís Filipe dos Prazeres Maria, dirigente da OSP e o único polícia identificado nas reportagens divulgadas por SIC, Expresso e Público.

A OSP nota ainda que a informação contida na reportagem é “facciosa, manipuladora“, tendo o propósito de “denegrir a imagem das forças de segurança”.

A organização lamenta também que as reportagens dão a entender “implicitamente que a hierarquia da instituição da PSP está conivente com ilegalidades e fecha os olhos a actos criminosos, que sejam cometidos por profissionais de polícia”.

A OSP salienta que foram “vasculhadas mensagens de ‘chat’s’ privados de Telegram, onde elementos das forças de segurança desabafam e libertam o sentimento de injustiça em palavras”, referindo que estas foram divulgadas e “visualizadas sem o consentimento dos seus autores”.

Além disso, a Organização Sindical acha “curioso” que as reportagens tenham saído “num contexto temporal em que se reivindica um aumento salarial e mais meios humanos e materiais para a PSP”.

“Nos últimos tempos, foram várias informações distorcidas da realidade levadas a público, nomeadamente sobre vencimento, ‘bónus’ e até exposição errada de valores, de serviços remunerados, em capas de jornal”, refere a OSP.

Quanto aos alegados comentários discriminatórios, a Organização lamenta que existam e condena quaisquer comportamentos “efectivos e dolosos de cariz racista ou xenófobo”.

ZAP // Lusa

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10 Comments

    • Não, é preciso higiene para não destoar dos catecismos. Os sujeitos da limpeza vestidos de azul não podem destoar da verdade proclamada nos ecrãs grandes, ou julgam o quê?

      • Verdade proclamada? Anda tudo louco? Perseguição política típica de governos fascistas! Parece o voltar da PIDE que entrava nas denúncias de pessoas em conversas de caves e casas particulares – não havia ainda internet!

  1. Bom, espero que essa “limpeza ” então se estenda também á classe política onde a ganância e a corrupção grassam e onde o sigilo e a impunidade imperam…

  2. Estes jornalistas de investigação são o máximo ||||
    Nunca conseguem é investigar os roubos que acontecem no estado e nas autarquias !!!
    Também não conseguiram investigar a tramoia do Banif e do Montepio e outras.
    A história é simples: aos polícias que prevaricam, não é preciso louvor, mas pelo contrário perseguição e demissão é o que eles querem.
    E então aos Mamadou Ba desta vida e a todos os que não respeitam as regras e as ordens ? Cuidado que mandá-los para a terra deles é racismo ….
    Penso eu de que ….

  3. O governo vai promover uma limpeza às forças policiais? E como se vai limpar o Governo? Policias e soldados, assim como nós, comentam no que vêm no seu dia a dia. Hoje em dia, não existe árvore bastante alta para enforcar a maioria dos politicos, não só de Portugal, mas em volta do Mundo todo. Todos merecem o mesmo fim e quanto mais depressa, melhor.

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