Para Ana Mendes Godinho, a crise pandémica veio mostrar que o Estado Social é “quem responde a quem precisa, quanto mais precisa”.
No debate desta quinta-feira, no Parlamento, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, deu início à sessão dizendo que a covid-19 mostrou que foi a “existência de um Estado Social e não de um Estado assistencialista, que permitiu a resposta sanitária à pandemia através da mobilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
A ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, sustentou a ideia com números, afirmando que, até à data, existem 1,2 milhões de trabalhadores com apoios pagos e 140 mil empresas, no montante total de 620 milhões de euros.
A governante adiantou ainda que o lay-off simplificado permitiu salvaguardar 804 mil empregos em 9.500 empresas, no valor global de 470 milhões de euros.
“Isto representou uma grande capacidade de execução, com toda a dificuldade que tivemos para implementar medidas rápidas para chegar rapidamente às pessoas e conseguirmos cumprir. Se há coisa que temos que aprender é que há momentos em que aprendemos todos e que neste momento de dificuldade vem pedir resposta ao sistema social”, argumentou a ministra, citada pelo Expresso.
Mas as críticas não tardaram. “Acabei de ouvir referenciar o sucesso do SNS, mas parece-me exagerado. Mais de 1500 camas hospitalares com pessoas com alta médica, trata-se de um preocupante aumento face a 2019. Que medidas concretas o Governo vai ter para reduzir estes internamentos sociais?”, questionou Rui Cristina, deputado do PSD.
O social-democrata criticou ainda o Governo por dar prémios aos trabalhadores da Segurança Social e não aos profissionais de Saúde, acusando-o de “continuar a injustiçar quem salva vidas a favor de quem cobra dívidas”.
Do CDS-PP, Ana Rita Bessa lembrou que, antes da pandemia, ficaram por concretizar 840 mil consultas de cuidados primários e 51 mil cirurgias. “O Governo terá muito em breve que fazer escolha – se continua a proclamar o SNS como um fim em si mesmo ou põe as pessoas acima de tudo e recorre ao SNS, mas também à capacidade do setor privado e social.”
João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal, também criticou os atrasos nas consultas e cirurgias no SNS e André Ventura, do Chega, contestou a tese do Governo de que o Estado Social respondeu aos cidadãos quando mais precisavam, destacando o atraso no reembolso do IRS.
Já o PAN admitiu que a pandemia mostrou a importância de um “Estado Social forte”, mas destacou as “cifras negras“, como a falta de apoios eficazes os artistas e profissionais do espetáculo e aos jovens.
O bloquista José Soeiro defendeu que não é possível para muitas famílias continuar a viver com um corte de um terço do rendimento, no âmbito do regime de lay-off, e que o subsídio desemprego deve passar a ter a “mesma duração antes do período da troika”. Por sua vez, Diana Ferreira, do PCP, lamentou que sejam os trabalhadores “a pagar a fatura”.
«O social-democrata criticou ainda o Governo por dar prémios aos trabalhadores da Segurança Social e não aos profissionais de Saúde, acusando-o de “continuar a injustiçar quem salva vidas a favor de quem cobra dívidas”.»
Quando isto acontecer, basta recuperar tudo o que de mal estes senhores disseram e fizeram aos trabalhadores do SNS. Não é preciso procurar muito…
Esta aparente defensa é conjuntural. Basta o vento mudar e vemos outro senhor qualquer do PSD (para não parecer muito mal) defender os trabalhadores da Segurança Social e enterrar os profissionais de Saúde.