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Governo belga escreveu carta a São Nicolau. Medida pretende descansar (e educar) os mais pequenos

Para descansar os mais novos, o governo belga enviou uma carta ao São Nicolau – que, tal como o Pai Natal, entrega presentes às crianças na época do Natal -, na qual confirmou que este estaria isento das rígidas regras de confinamento aplicadas naquele país, para conter a pandemia do novo coronavírus.

A história que alimenta o imaginário infantil varia de país para país, e até tem ligeiras diferenças nalgumas regiões. Na Bélgica, é o São Nicolau que, na madrugada de 6 de dezembro, deixa clementinas, Speculoos – biscoitos de canela, gengibre e cravinho – e presentes de Natal na casa de cada criança.

Além disso, diz a lenda que o São Nicolau vem de Espanha – país que, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, está classificado a vermelho no mapa do risco de infeção, explica o Diário de Notícias.

A ministra do interior, Annelies Verlinden, e o ministro da saúde, Frank Vandenbroucke, belgas decidiram então escrever uma carta ao São Nicolau, com o objetivo de aliviar as preocupações das crianças.

A ideia, que pode ter provocado um franzir de sobrolho no país que voltou a liderar mundialmente a contagem de mortes por covid-19 em função do número de habitantes, tem aparentemente uma intenção pedagógica.

“Ouvimos dizer que este maldito vírus também criou muitos problemas em Espanha. Por isso, foi com grande prazer que descobrimos que, apesar da sua idade avançada, conseguiu escapar do vírus e que ainda goza de boa saúde”, escreveram os ministros, citados pelo Deutsche Welle.

O São Nicolau não terá, no entanto, de ficar em quarentena depois de chegar à Bélgica (vindo de Espanha) e poderá entregar os presentes, mesmo durante as horas de recolher obrigatório.

“Como sabemos que não tem tempo a perder e que precisa de cada hora para preparar os presentes para cada criança, decidimos abrir uma exceção“, oferecem os dois ministros.

Para justificar a decisão, explicaram com grande realismo que “a viagem no seu barco vindo de Espanha dura 17 dias, ou seja, 7 dias a mais do que pedimos e, portanto, este período é mais do que suficiente como quarentena”.

Na carta, os ministros revelam ainda que duas novas leis serão inscritas dentro de dias no Diário Oficial da Bélgica, permitindo ao São Nicolau a violação do “recolher obrigatório” e da quarentena para quem “chega de zonas de risco”medidas anunciadas há menos de um mês pelo governo belga, que determinaram o encerramento de cafés, bares e restaurantes, e limitam as atividades comerciais ao essencial.

Além disso, o governo equipara os “serviços” do São Nicolau ao de um setor indispensável, criando uma “base legal” com a “ratificação do decreto real” que permitirá a circulação excecional durante o recolher obrigatório.

“Todas as crianças aqui foram especialmente corajosas este ano“, elogia o governo, na carta dirigida ao velho imaginário, classificando-as como “muito sábias”, apesar do interregno no ensino.

“Para não mencionar que nem sequer podem ser abraçados pelo avô e pela avô”, vincam os ministros, aproximando-se de um tom mais sério e salientando que as medidas para a quadra festiva servem “não apenas para proteger os próprios, mas acima de tudo para proteger os outros”.

O surrealismo da medida oficial procura um lado pedagógico, recomendando ao São Nicolau “que mantenha sempre a distância, lave as mãos regularmente e use máscara quando necessário”.

Annelies Verlinden e Frank Vandenbroucke pediram, por fim, que São Nicolau fizesse “o que faz de melhor: fazer todas as crianças felizes”. “Estamos a contar consigo”, rematou o governo na carta publicada no jornal belga Le Soir.

ZAP //

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