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Governo “acha difícil” o “cenário extremo” de regresso ao estado de emergência

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André Kosters / Lusa

Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares

O Governo “acha difícil” que se coloque o “cenário extremo” do regresso ao estado de emergência, face à evolução do plano de vacinação, e admite que a matriz de risco seja repensada quando atingidos “determinados objetivos”.

“Acho difícil, tendo em conta a circunstância em que estamos no plano de vacinação, que o cenário [de regresso ao estado de emergência], que é um cenário extremo, se coloque em cima da mesa”, disse o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, em entrevista à TVI24 na quinta-feira.

“Não podemos também desvalorizar medidas como as que estamos a implementar, que são também de enorme intensidade. Reduzir os horários do comércio e da restauração num concelho como Lisboa é uma medida com muita violência e não é uma medida de somenos”, adiantou.

Questionado sobre o possível regresso a um estado de emergência face ao agravar da situação pandémica em Portugal, o secretário de Estado recusou ser taxativo por receio de projetar “nas pessoas uma ideia de que afinal está tudo bem e não precisamos de nos preocupar”, tendo depois evitado responder se era essa a consequência das palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que foi perentório a recusar um regresso a esse cenário.

Também questionado sobre alterações na matriz de risco, defendidas por alguns especialistas e até pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), o socialista Fernando Medina, Duarte Cordeiro, que é também o coordenador da resposta à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, disse que “poderá fazer sentido, mas depois de atingir determinados objetivos”.

Entre esses objetivos estão a vacinação completa dos maiores de 60 anos, por ser a faixa etária a partir da qual se registou a quase totalidade das mortes por covid-19 no país, havendo cerca de 700 mil pessoas com estas idades ainda por vacinar.

Sublinhando os avanços do plano de vacinação em direção às metas definidas, a redução da mobilidade em zonas de maior incidência para evitar contágios e a introdução do certificado digital para permitir a livre circulação para dentro e fora da área metropolitana de Lisboa (AML) são processos que podem vir a permitir “repensar um pouco todo este processo”, revendo não só a matriz de risco como as regras que vão sendo impostas.

No entanto, ressalvou que a matriz utiliza referenciais internacionais que permitem comparabilidade entre países, sendo “a forma como os países olham uns para os outros”.

“Quando nos olhamos nesta matriz estamos a olhar como nos olham. Eu não sei se isso é assim tão errado. Outra coisa é podermos, para além disso, quando definimos um conjunto de regras para atacarmos a situação termos em consideração que a realidade hoje é um pouco diferente da realidade de há um ano”, disse.

Para Duarte Cordeiro, elementos como a vacinação, a testagem e instrumentos para cortar a propagação do vírus “devem contar” na reavaliação do modelo, mas alertou que não se devem ignorar “riscos reais” que existem, como a maior transmissibilidade da variante Delta e o crescimento do número de internamentos hospitalares, nomeadamente em cuidados intensivos.

Excluiu qualquer limitação de circulação entre concelhos da AML, por não ver na medida uma “mais-valia” para travar contágios numa região que se encontra numa situação epidemiológica “homogénea” e referiu que o eventual uso do certificado digital para acesso a eventos culturais, por exemplo, tem que ser “equilibrado com a acessibilidade aos testes”, o que justifica que o Governo esteja a ponderar que estes sejam comparticipados.

ZAP // Lusa

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