Gouveia e Melo não descarta ser Presidente da República ou ministro do Mar

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Hugo Delgado / Lusa

O vice-almirante Henrique de Gouveia e Melo

Henrique Gouveia e Melo não descarta vir a ser Presidente da República ou ministro do Mar, caso entre na reserva antecipada.

O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo tornou-se uma figura adorada em Portugal — e um pouco por todo o mundo — ao destacar-se na liderança da task force de vacinação contra a covid-19. Agora, fora dessas funções, não descarta um dia via a ser ministro do Mar ou até Presidente da República, mas só se entrar na reserva antecipada.

Em entrevista ao Expresso, Gouveia e Melo critica o “pressuposto preconceituoso” de que os militares não podem assumir cargos políticos quando terminam a carreira.

O vice-almirante diz que não lhe “apetece nada” ser Presidente da República, mas recusa impor “limitações que possam criar uma ideia de impossibilidade e que menorizam a democracia e os militares com preconceitos do passado”.

Gouveia e Melo também não descarta a hipótese de ser ministro do Mar, embora recuse integrar um partido político. O militar só admite “criar um movimento de cidadania ligado a uma área qualquer”.

“Não tenho nada contra os partidos, mas não me estou a ver entrar num partido. Demonizar a política é péssimo para a democracia. Hoje temos maior variedade e isso é positivo”, explicou Gouveia e Melo.

Questionado sobre como é que Portugal pode ter uma Marinha com que o país possa contar, o ex-coordenador da task force começou por dizer que “temos uma população pequena, mas uma posição geográfica fantástica, no meio das rotas marítimas mais importantes para o mundo ocidental, e um mar gigantesco”.

“Queremos continuar de mão estendida para nos virem tirar esse ativo estratégico e não fazer nenhum investimento, ou investir para que esse ativo até nos dê independência para não estarmos de mão estendida? Qual dos dois processos queremos fazer? Para o primeiro não contem comigo. Se queremos o segundo, contam comigo, até onde for útil”, acrescentou.

Três meses depois de um processo conturbado, Henrique Gouveia e Melo voltou a ser proposto para Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). A tomada de posse de Gouveia e Melo como novo CEMA deverá acontecer no final da tarde desta quinta-feira.

“É um objetivo importante para mim, caso seja esse o entendimento superior”, disse o vice-almirante sobre a nomeação. “Quero que a Marinha seja um dos catalisadores de um novo posicionamento de Portugal para o mar no século XXI”, disse ao Expresso.

Em setembro, o processo complicou-se depois de o Governo ter proposto a demissão de Mendes Calado. A polémica decisão do ministro da Defesa de exonerar o Chefe de Estado-Maior da Armada, com o vice-almirante Gouveia e Melo a ser apontado como o seu possível sucessor, fez tremer as relações entre São Bento e Belém.

Como líder das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa desautorizou o Governo publicamente. António Costa acabou por pedir uma reunião de emergência com o chefe de Estado, tendo a Presidência publicado uma nota após o encontro na qual referia que “ficaram esclarecidos os equívocos suscitados a propósito da Chefia do Estado-Maior da Armada”.

Daniel Costa, ZAP //

8 Comments

  1. Também fui oficial, e um militar quando se lhe pede alguma coisa mesmo que pareça impossível fá-la!, mesmo com o custo da própria vida, foi o que o almirante fez, qual é o espanto?, só mesmo quem não foi militar poderá achar isso algo de outro mundo, estamos tão habituados à incompetência (em todas as áreas, principalmente públicas) que quando nos aparece alguém competente ficamos espantados. Agora, parece que isso lhe está a subir à cabeça, tal é o “bajulamento” que lhe estão a fazer.

  2. De facto, o cheiro a poder, misturado com o circo da comunicação social, abala mesmo as personalidades que parecem mais fortes. Não está proíbido, obviamente, que um militar na reserva se candidate e assuma funções políticas. Mas é no mínimo falta de bom senso afirmar publicamente esses desejos quando se é nomeado para o exercício de uma função militar de alto nível. Como passarão a ser interpretadas as suas ações e decisões pelos seus colegas e subordinados ?

  3. A um militar espera-se eficiência, mas recato. Foi eficiente na logística da pandemia, mas não tem sabido estar como militar. Dizia não ter vocação para a política, agora parece ter descoberto uma veia política. É lamentável a forma como vai chegar a Chefe da Armada, sem glória nem dignidade. O poder político, Presidente e Primeiro-Ministro, estão a fazer um frete e ouvindo a ainda Chefe da Armada, alguém está a mentir. Infelizmente todos se aproveitam dos órgão do Estado ou para se servirem ou para fazerem fretes a amigos. É esta a nossa Democracia, melhor aqueles que representam a Democracia. Quanto ao Almirante, duvido que os camaradas de Armas o venham a reconhecer como Chefe.

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