Gomes Cravinho confirma “ajustes” no orçamento para a Defesa e disponibilidade para aumentar o número de militares portugueses no leste da Europa

José Sena Goulão / Lusa

Ministro reforçou que NATO foca a sua ação numa atitude dissuasora em relação ao regime de Putin.

João Gomes Cravinho não tem dúvidas de que o orçamento português destinado à Defesa terá de aumentar como consequência da guerra na Ucrânia provocada pela invasão russa — uma exigência que também terá de ser seguida pelos restantes países europeus e pela própria NATO. O governante reconheceu que o Orçamento do Estado para 2022 terá que sofrer “uns ajustes”, à luz da situação atual, e que o próprio Governo já ordenou o cancelamento de algumas despesas e exercícios, como forma de gerar poupanças “que permitam o novo empenhamento de forças“.

Já no que respeita ao documento para o ano de 2023, João Gomes Cravinho, prevê que as alterações sejam mais significativas, uma vez que 2022 é um ano de revisão do LPM. “Creio que esta situação [de guerra na Ucrânia] terá que se refletir nos investimentos para as Forças Armadas em 2023 e anos subsequentes.”

Gomes Cravinho, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, sublinhou que a meta orçamental é de 1,68% em 2024, ainda que reconheça que as mudanças anunciadas pela Alemanha — que aumentou o seu orçamento destinado à Defesa para 2%— “altera o panorama geoestratégico na Europa“. “Altera também a forma como olhamos para as despesas militares e o contributo que cada país pode dar na UE e na NATO. Admito que seja um gesto de natureza transformativa. Há outros países que já o anunciaram como a Dinamarca e os países Bálticos.”

Questionado sobre a obrigação de Portugal acompanhar esta tendência dos restantes países europeus, o ministro da Defesa preferiu adiar uma tomada de posição para a cimeira da NATO prevista para junho, momento que considera “adequado para Portuga fazer anúncios de médio e longo prazo se isso não for já feito no programa de governo do próximo governo”.

João Gomes Cravinho confirmou que o número de militares portugueses na Roménia — atualmente são 174 efetivos — pode aumentar como consequência da “situação muito dinâmica” que a Europa vive atualmente do ponto de vista militar. “Neste momento, é essa companhia que está decidida e que irá para o sul da Roménia, longe da fronteira [com a Ucrânia]. O objetivo é dissuasor, é dizer à Rússia ‘atenção, os países da NATO têm capacidade de reação e o melhor e não pensar em qualquer tipo de incursão num país da NATO'”.

Portugal tem também militares da Marinha, Exército e Força Aérea que estão a ser treinados para a NATO Response Force, uma força de maior prontidão, que atualmente se situa nos cinco dias.

O governante preferiu não especificar o modo de entrega do material cedido por Portugal à Ucrânia — “capacetes, colete anti-bala, espingardas, granadas de morteiro” —, justificando a opção com o facto de esta ser “uma  questão que os russos também têm muita curiosidade em saber“. “Temos mecanismos para saber o que se passa com o material até ao momento da sua entrega”, garantiu, ainda assim.

ZAP //

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