“Eu era glamorosa, agora sou refugiada”. Onde está Vseslava Soloviova?

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Vseslava Soloviova

Refugiada ucraniana Vseslava Soloviova conta como teve de fugir de uma “vida privilegiada” em Kiev por causa da guerra.

Vseslava Soloviova é uma de milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar a Ucrânia depois da invasão da Rússia e que, de repente, perderam tudo, deixando uma vida confortável para trás. Mas a história dela tomou conta das redes sociais depois de ter sido entrevistada por um canal britânico.

Nas últimas horas, o nome de Vseslava Soloviova tomou de assalto as redes sociais, com um vídeo onde fala da “vida privilegiada” que tinha, antes da invasão russa à Ucrânia.

“Eu era jornalista, era muito orgulhosa de mim e glamorosa, agora sou uma refugiada”, confessa com um ar desolado a jovem ucraniana, contando que viu a sua vida “completamente destruída num único dia” pela guerra.

As declarações de Vseslava foram feitas numa entrevista para um canal britânico num centro de refugiados dos muitos que têm acolhido pessoas que fugiram da guerra.

A jovem conta como vivia num “bonito apartamento na baixa hipster de Kiev”. “Eu tinha café de manhã, numa bonita cafetaria, tinha grandes amigos a trabalhar na esfera criativa, como jornalistas, directores de arte e designers, tomávamos vinho todas as sextas-feiras”, refere.

Mas teve de fugir, deixando tudo para trás, e agora só tem “uma mochila com um único par de calças”, como diz. “Não sei como a minha vida vai continuar assim. Não sei o que fazer”, desabafa ainda, contando que, apesar de tudo, está “feliz por estar viva”.

Vseslava também conta que estudava Teologia e que continua “a tentar trabalhar” como Gestora de Redes Sociais no outlet de notícias Zaborona Media, pois só precisa de Internet para o fazer e porque precisa de “algum dinheiro”.

Há duas “versões muito diferentes” de si própria, “antes e depois” da guerra, diz ainda. “Já não me sinto eu mesma, é como se fosse uma pessoa diferente”, conta também, confessando que a sua vida está “totalmente devastada”.

Estas palavras comoveram as redes sociais e chegou a criar-se um movimento de procura por Vseslava Soloviova depois de a jornalista Dana Regev, que trabalha em Berlim na Deutsche Welt News, ter partilhado o vídeo com as suas declarações, prometendo-lhe um emprego.

“Se encontrarem esta mulher, falem-lhe de mim. Estamos a contratar, pagamos bem e tratamos de toda a burocracia alemã“, escreveu Dana Regev numa publicação no Twitter.

“Apenas um pequeno lembrete de que “refugiado” não é quem tu és – é algo que pode acontecer-te. E pode acontecer a qualquer um”, nota ainda a jornalista na sua partilha.

Vseslava já está com “amigos alemães”

Após a onda gerada em torno de Vseslava Soloviova, a jovem ucraniana já deu sinal de si através de uma publicação no LinkedIn, onde revela que está na casa de “amigos alemães”. Assim, parece dar a entender que terá aceite a ajuda de Dana Regev, embora não o confirme.

A jovem Gestora de Redes Sociais também aproveita para lembrar que é apenas uma de “milhões e milhões de ucranianos na mesma situação devastadora”.

“Ajudar uma mulher ucraniana que fala Inglês, que teve a sorte de escapar com segurança da guerra na sua terra natal e de ser entrevistada por um canal de televisão britânico, não vai resolver, simplesmente, o enorme problema que o mundo inteiro está a enfrentar agora”, aponta ainda Vseslava.

“União Europeia, Grã-Bretanha e EUA todos juntos não vão conseguir receber e contratar todos os mais de 40 milhões de ucranianos“, vinca ainda a jovem.

Assim, Vseslava desafia quem está preocupado com a situação a apelar aos Governos dos seus países para encerrarem o espaço aéreo da Ucrânia, como tanto tem pedido o presidente do país, Volodymyr Zelenskyy.

Precisamos urgentemente de uma zona de não-voo sobre a Ucrânia“, “pelo menos, sobre as estações nucleares e pontos civis frágeis como hospitais, escolas e jardins de infância”, aponta.

“Já estou cansada de ouvir” a retórica sobre o facto de a NATO não o poder fazer para não começar uma Terceira Guerra Mundial, escreve também. “Isto já é a Terceira Guerra Mundial! O tipo maluco do Kremlin já tomou a sua decisão”, sublinha.

A terminar, Vseslava diz que quer voltar para a sua “querida Kiev”.

Deixei lá os meus bonitos Reeboks brancos e vários pares de jeans que me ficam tão bem. Deixei lá o meu muito elaborado kit de rotina de cuidados para uma pele brilhante, a minha mesa e a cadeira estilo loft da Ikea que eu própria montei. Deixei lá o meu coração e pessoas muito especiais que não sei quando poderei voltar a abraçar”, constata também.

A terminar, Vseslava sublinha que temos “todos juntos de salvar este mundo” e pede que a “humanidade e o bom senso ganhem”.

Susana Valente, ZAP //

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