O fornecimento de gás da Rússia à Alemanha é interrompido a partir desta segunda-feira durante dez dias devido aos trabalhos de manutenção do gasoduto Nord Stream 1 do Mar Báltico.
O gás deixará de fluir e o fornecimento está programado para recomeçar no início da manhã de 21 de julho, noticiou a agência Lusa. No entanto, os funcionários estão muito preocupados com a possibilidade de os abastecimentos não serem restabelecidos, devido à guerra na Ucrânia.
A empresa estatal russa Gazprom já reduziu significativamente os volumes de fornecimento através do gasoduto de 1.200 quilómetros entre a Rússia e o norte da Alemanha, citando atrasos nos trabalhos de reparação. Moscovo atribuiu os atrasos às sanções ocidentais, um argumento rejeitado pelo chanceler alemão, Olaf Scholz.
O gasoduto estava a ser utilizado a 40% da sua capacidade, causando novos aumentos de preços no gás, segundo a Agência Federal Alemã de Redes. O operador programou dez dias para verificar e reparar ou recalibrar o fornecimento de energia, os sistemas de proteção contra incêndio e gás e certas válvulas.
O trabalho de manutenção surge numa altura em que a Alemanha procura urgentemente reduzir a sua dependência do gás russo, enquanto enche os tanques de armazenamento para o inverno.
“Estamos confrontados com uma situação sem precedentes – tudo é possível”, disse o o vice-chanceler alemão Robert Habeck, em entrevista à rádio pública alemã. “É possível que o gás volte a fluir, mesmo a um nível de volume superior ao anterior. Mas também é possível que nada se passe, e temos de nos preparar para o pior”.
Continuam buscas em prédio de Chasiv Yar
Continuam os trabalhos de resgate, em Chasiv Yar, a cidade na região de Donetsk onde no sábado à noite um ataque russo atingiu um prédio de apartamentos e provocou a morte a pelo menos 18 pessoas. Há pelo menos duas pessoas ainda vivas soterradas nos escombros, avançou o Guardian.
De acordo com o governador Pavlo Kyrylenko, serão 24 as vítimas ainda no local. Seis pessoas foram retiradas nas últimas horas com vida e os serviços de emergência no local dizem estar em contacto verbal com pelo menos outros três sobreviventes
Esta noite, no seu habitual discurso, o presidente Volodymyr Zelenskyy acusou Moscovo de, com este ataque, ter propositadamente atingido civis – e lembrou que, não apenas quem dá as ordens, mas também quem as executa, será responsabilizado por estes crimes de guerra.
“Quem dá ordens para estes ataques, quem as executa em cidades comuns, em áreas residenciais, mata de forma absolutamente deliberada. Depois de tais golpes, não poderão dizer que não sabiam ou que não compreenderam alguma coisa. O castigo é inevitável para todos os assassinos russos. Absolutamente para todos”.
Míssil russo atinge prédio residencial em Kharkiv
Um míssil russo atingiu esta segunda-feira de madrugada um prédio de seis andares em Kharkiv, no distrito de Osnovyansky, anunciou o Serviço de Emergência local, através do Facebook.
As equipas de socorro estão neste momento no local, mas, para já, as informações avançadas não dão conta de vítimas ou feridos. De acordo com o Serviço de Emergência, uma idosa de 86 anos, moradora no 2.º andar, foi resgatada incólume.
Para além deste ataque, que foi registado às 03:32, houve outras duas explosões esta madrugada em Kharkiv.
Rússia denuncia tentativa de assassinato
“Esta noite, o regime ucraniano fez uma tentativa de assassinato contra o chefe da administração do distrito de Melitopol, Andriy Siguta. Felizmente, ele não foi ferido e continua a trabalhar, apesar das ameaças do lado ucraniano”,
O anúncio foi feito esta segunda-feira no Telegram Alexei Selivanov, segundo responsável da Direção Principal do Ministério dos Assuntos Internos para as zonas controladas pela Rússia da região de Zaporíjia, no sudeste da Ucrânia.
De acordo com o responsável, Andriy Siguta, o chefe da administração russa de Melitopol, terá sobrevivido, sem ferimentos, a uma tentativa de homicídio perpetrada pelo regime de Kiev.
“Os detalhes do ataque terrorista serão discutidos mais tarde. Recordo que os civis são os primeiros a sofrer com a sabotagem. Todos aqueles que tentam desestabilizar a vida civil nos territórios libertados sofrerão castigos inevitáveis”, escreveu ainda Alexei Selivanov.
Guerra pode ter contribuído para revolta no Sri Lanka
O secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, admitiu no domingo que as restrições da Rússia à exportação de cereais ucranianos podem ter contribuído para a situação de agitação civil no Sri Lanka.
“Vemos o impacto desta agressão russa a aparecer em todo o lado. Pode ter contribuído para a situação no Sri Lanka”, indicou Blinken numa conferência de imprensa em Banguecoque, citado pela agência AFP.
Uma revolta popular eclodiu no Sri Lanka, no sábado, em protesto contra a falta de alimentos, combustível e medicamentos, de que resultou o afastamento do poder do Presidente da República e do primeiro-ministro.
“Estamos preocupados com as implicações [da guerra na Ucrânia] em todo o mundo”, disse Blinken, que chegou à capital tailandesa depois de ter participado numa reunião ministerial do G20 na ilha indonésia de Bali.
A reunião do grupo das economias mais desenvolvidas, que terminou sem uma declaração conjunta, foi dedicada aos efeitos da guerra que a Rússia iniciou ao invadir a Ucrânia sobretudo nos mercados da energia e da alimentação.
Blinke disse também que a guerra na Ucrânia teve um impacto na Tailândia, onde os preços dos fertilizantes dispararam. “Isto é importante, especialmente num país agrícola dinâmico como a Tailândia, porque se não tivermos fertilizantes, sabemos que os rendimentos irão descer no próximo ano e os preços poderão subir”, referiu.
A revolta popular no Sri Lanka levou à fuga do Presidente, Gotabaya Rajapaksa, antes de o seu palácio em Colombo ter sido invadido por manifestantes. Este anunciou depois que se demitirá na quarta-feira. A revolta levou também à demissão do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, cuja residência privada foi incendiada.
As principais forças políticas cingalesas concordaram que o presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardene, assumirá interinamente a chefia do Estado até à eleição de um novo Presidente da República, no prazo de um mês.
Apesar da ajuda da Índia e de outros países, o Sri Lanka entrou em incumprimento em abril, ao falhar o pagamento da sua dívida externa de 51 mil milhões de dólares (mais de 50.000 milhões de euros, ao câmbio atual).
O Governo pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas Wickremesinghe admitiu recentemente que as negociações eram complexas porque o Sri Lanka é agora um Estado falido.
Guerra na Ucrânia
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Será assim tão difícil aos cabeças quadradas dos Alemães entenderem que,seria natural os Russos retaliarem às sanções impostas pelos países Europeus à Rússia?