Os ataques de gaivotas a pessoas na cidade do Porto, para roubarem comida, são cada vez mais frequentes e alarmam quem convive diariamente com a presença destas aves no centro da Invicta. A situação espelha aquilo que alguns consideram um problema de saúde pública que se arrasta há vários anos.
O Jornal de Notícias dá conta de um “crescente número de ataques de gaivotas contra pessoas no Porto, principalmente junto a restaurantes e esplanadas”. As aves habituaram-se à presença dos humanos e, famintas e sem medo, não hesitam em atirarem-se à comida dos transeuntes da Invicta.
“Ou é um pastel que está na mão do cliente, ou uma sardinha que o cliente está a comer… Passa a gaivota, faz um voo rasante e come“, relata ao JN o responsável de um café no centro do Porto, Márcio Bateira.
O biólogo marinho Élio Vicente explica ao jornal que as gaivotas são mais “vítimas” do que “um problema”, culpando “as lixeiras a céu aberto, que lhes proporcionam comida, ou o hábito de as alimentar com restos” pela sua proliferação pelo centro das cidades.
O problema afecta outras cidades costeiras e, na Bélgica, já se começaram a tomar medidas radicais, com a introdução de contraceptivos em dispensadores de rações.
No Porto, a Câmara não tem implementadas quaisquer medidas excepcionais para abordar a situação. “Em situações pontuais, nas quais esteja em causa a segurança de pessoas e bens e a saúde pública, a CMP poderá actuar na retirada de ninhos“, com o devido aval do Instituto de Conservação da Natureza, refere-se no site da autarquia.
A entidade lembra que “é proibido o abate, a captura ou a detenção de todas as espécies de aves que ocorrem naturalmente no estado selvagem no território nacional, como também destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos”.
A Câmara também nota que é “proibida a alimentação de animais errantes nos espaços verdes e na via pública”, frisando que a violação desta lei está sujeita ao pagamento de uma multa.
Já em 2011, a autarquia se debatia com este problema das gaivotas, tendo solicitado uma análise ao Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR.UP) para “uma avaliação da situação e de medidas de mitigação do problema”.
Nesse relatório, conclui-se que a única solução para reduzir o número de gaivotas no coração da Invicta é “através da eliminação ou redução acentuada da disponibilidade de alimento” e da “tentativa de exclusão destas de zonas de pouso (telhados, beirais, mobiliário urbano)”.
Quase 16 mil gaivotas
O CIIMAR.UP identificou, na altura, que nos meses de maior presença de gaivotas, por norma em Outubro, haveria quase 16 mil aves no Porto. Todavia, estes números variam em função da época de migração das aves.
Durante a campanha eleitoral para as legislativas de 2017, o candidato da coligação PSD/PPM à Câmara do Porto, Álvaro Almeida, trouxe a debate o assunto e prometeu acabar com a “praga das gaivotas”, considerando que se trata de um “perigo de saúde pública”.
Na altura, Álvaro Almeida salientava o problema do “lixo acumulado fora dos locais próprios”, culpando a Câmara gerida por Rui Moreira por “um erro de planeamento”. “A cidade do Porto está a mudar, mas a Câmara não foi capaz de adaptar os pontos de recolha de lixo a essa mudança”, frisava o candidato citado pela Lusa.
Álvaro Almeida acusava a Câmara de não ter colocado “pontos de recolha de lixo suficientes” nos locais que hoje têm mais população, potenciando a disseminação das gaivotas, como considerava.
Além da sujidade e do barulho que provocam, sobretudo durante a época de nidificação, as gaivotas causam a degradação do património, devido às fezes ácidas. Também danificam a pintura de carros e promovem o entupimento de algerozes com as suas penas e dejectos, o que pode gerar infiltrações em tectos e paredes de edifícios.
São animais e também têm que comer, coitadas…
Antigamente havia muito mais barcos de pesca, sempre dava para elas se alimentarem. Agora, têm que se desenrascar nas cidades, inclusive até já se veem gaivotas no campo!
E já agora, não é por elas não terem lixeiras para ir buscar comida que se vai controlar a sua natalidade, pois elas mesmo com fome, proliferam-se.
Sejam homens com H e que sejam tomadas medidas mas com compaixão por esses seres vivos.
Mas que raio de país este onde até o gaivotedo rouba…
Se andam esfomeadas querem o quê? Os animais não têm que comer? Dantes comiam á beira mar, ou perto das lotas do peixe, até os pescadores chegavam a alimentar as gaivotas. agora as coisas mudaram
Ração com anti-conceptivos
O problema antes não eram as pombas? Agora chegaram as gaivotas. Ainda aparece turismo de caça na Invicta.
Contratem a águia Vitória aí para o Porto para afastar as gaivotas pois coitada anda já depenada e solitária por Lisboa e nem Vitória quer já que lhe chamem!.
Com ironias, compaixões e anedotas à parte que não contribuem para nada, as gaivotas são uma verdadeira praga na cidade do Porto e que tem vindo a piorar consideravelmente desde há uns anos a esta parte. Já testemunhei vários ataques a mesas e comida mas fiquei chocado pelo descaramento do recente ataque que vi a uma criança de 3/4 anos apenas porque estava a comer uma peça de fruta, em lugar tão improvável como os jardins de Serralves podem ser. Revolta-me assistir na via pública a gaivotas a matarem pombos à bicada, num processo lento e cruel, suponho que para os comerem parcialmente, o que é muito frequente e com crianças a assistir de olhos arregalados. A quantidade de gente a remexer os contentores de lixo à procura de algo vendável ou aproveitável, mas deixando sempre as respetivas tampas abertas, potenciam grandes festins a aglomerações de gaivotas com frenesim e barulho ensurdecedor. Inúmeros idosos iludem a sua solidão e tempo livre dando de comer aos “coitadinhos dos bichinhos” ignorando completamente a regulamentação e apelos da Câmara Municipal. As gaivotas, de aves marinhas já tem muito pouco, estando sinalizadas em Vila Real e outros locais do interior. Há muito que proliferam através do lixo e principalmente em meios urbanos. Algo terá de ser feito mais cedo ou mais tarde, com base no muito respeito e consideração que o tratamento dos animais merecem e se impõe. Por tudo isto o debate deste tema tem de entrar em agenda e uma estratégia terá de ser definida e implementada para a resolução deste problema de saúde pública. Inevitavelmente e quanto antes melhor.