Rússia na final do Europeu de futsal. Venceu por 3-2, com emoção nos instantes finais e sem cumprimentos entre adversários. Putin foi mencionado nas bancadas.
Foi provavelmente o Rússia-Ucrânia mais seguido no século XXI, no desporto. A primeira meia-final do Europeu de futsal envolveu as selecções dos dois países que estão sob tensão desde 2014 – e que aumentou nas últimas semanas – e terminou com vitória russa por 3-2.
“Não há necessidade de politizar este jogo. Já nos encontramos com os ucranianos noutras modalidades e tudo decorre com tranquilidade” – as declarações de Dmitry Svishchev, responsável estatal pelo desporto na Rússia, foram o resumo deste duelo: tranquilidade.
Durante os hinos, nada especial; durante o jogo, nada invulgar. Depois do jogo verificou-se algo diferente. Já lá vamos.
A partida só tinha começado há 1m16s e a Rússia marcou: Sokolov rematou, desvio ucraniano e um “frango” do guarda-redes Tsypun, que deixou a bola passar por cima do seu corpo.
Logo a seguir ouviu-se “Putin” nas bancadas – onde os ucranianos eram mais, e mais barulhentos, do que os russos. Mas não entendemos o idioma para traduzir para português o que foi dito. Depois destes gritos, ouviu-se um aviso da UEFA nas colunas do pavilhão em Amesterdão (Países Baixos); também não conseguimos traduzir, mas os ucranianos reagiram com assobios.
Aos 14 minutos a Rússia dobrou a vantagem. Bola para a frente pelo ar e Afanasyev, depois de acertar no poste, de cabeça, no ressalto conseguiu mesmo marcar.
A Ucrânia reagiu rapidamente. Menos de um minuto depois, o primeiro momento de grande festa no pavilhão quando Siryi, num remate cruzado, fez o 2-1.
Intervalo. Com direito a uma música do grupo The Black Eyed Peas intitulada Where Is The Love? – ou seja, ‘Onde está o amor?’. O poema começa com “pessoas a matar, pessoas a morrer”.
A meio da segunda parte, os russos voltaram a marcar – e que golo de Niiazov, num pontapé acrobático, apanhando a bola ainda no ar.
Com a estratégia de guarda-redes avançado, a selecção ucraniana conseguiu chegar ao 3-2, num bom desvio de Abakshyn dentro da área. Faltavam cinco minutos para o fim.
A dois minutos do fim, os adeptos foram protagonistas, novamente: cantaram o hino ucraniano e, depois de um longo silêncio sobre esse nome, voltaram a gritar “Putin”.
Os instantes finais foram emocionantes. A um minuto do fim, grande penalidade para a Ucrânia; o empate nunca tinha estado tão próximo mas Shoturma rematou praticamente contra o guarda-redes Putilov. A 17 segundos do fim, Abakshyn apareceu isolado mas atirou ao lado, em posição complicada. E a três segundos do fim, à “boca” da baliza, a bola fugiu a Lebid e foi para fora.
Vitória da Rússia e, depois do apito final, todos os atletas aplaudiram na direcção das bancadas. Mas nenhum jogador cumprimentou os adversários, pelo menos no que foi possível ver através da transmissão televisiva.
A Rússia vai estar pela sétima vez na final de um Europeu de futsal e vai defrontar Portugal.
Esta vitória contra a Ucrânia permitirá aos jogadores russos receberem um prémio financeiro que será o dobro do que era suposto receberem em caso de vitória numa meia-final “normal”, segundo o jornalista Ivan Karpov.