Pedro Taborda, por exemplo, não descarta a hipótese de se desfiliar do partido caso, na reunião que pediu a Inês Sousa Real, a atual líder do PAN não esclareça todas as polémicas.
António Santos e Pedro Taborda, fundadores do PAN têm visões distintas sobre a atual polémica em torno do partido e de Inês Sousa Real, devido às empresas agrícolas nas quais a líder do partido detém participações. O primeiro, militante número um, fala em “tática de difamação, ao passo que o segundo se mostra insatisfeito com as explicações de Inês de Sousa Real, a quem já pediu uma reunião para obter mais esclarecimentos.
António Santos lamenta que o partido esteja envolvido numa polémica que, entende, constitui uma tentativa de “difamação” e uma forma de colocar em causa a idoneidade e integridade do PAN.
“Estas tentativas de assassinato de carácter significam que alguém, entidade particular ou organização, reconhece o PAN como uma séria ameaça às suas ambições e planos políticos, e na falta de argumentos válidos opta por estas estratégias sujas e pouco dignificantes“, acusa António Santos.
Pedro Taborda classifica mesmo a situação como “injustificável” e na semana passada já falava em “demissão“. “Túneis? Pelas imagens parecem estufas. Já agora venham especialistas a explicar a diferença”, atirou. Taborda disse ainda, em declarações ao Expresso, que a confirmarem-se as suspeitas, depois da troca de acusações entre Inês de Sousa Real e a direção das Confederações dos Agricultores de Portugal, a “legitimidade” da líder e a própria ideologia do partido ficam “em causa”.
Mais: caso na reunião que solicitou à porta-voz do PAN não sejam esclarecidas, admite a possibilidade de entregar o cartão de militante. “Sem mais explicações, num caso limite, saio do partido”, atirou.
Em sua defesa, Inês Sousa Real recusa todas as acusações que lhe têm sido dirigidas e argumenta que a atual polémica consiste numa ação concertada da CAP. Refere ainda, segundo o Expresso, o timing das denúncias feitas pela Confederação, a dois meses das eleições legislativas. “Penso que já dei todas as explicações, agi sempre com transparência — as participações nessas empresas constam do registo de interesses do site do Parlamento”, diz.
Sobre as acusações que lhe têm vindo a ser feitas, Inês Sousa Real recusa que as empresas onde está envolvida pratiquem agricultura intensiva, evocando as dimensões dos terrenos, e justifica o uso de plástico nas embalagens de framboesas por se tratar de uma “exigência do comprador”.
Este pessoal que está no governo tem sempre uma série de negócios paralelos. Já ganham bem como deputados e ainda vão buscar outros salários a outras actividades.
Ao contrário de procurar justificar-se Inês Sousa Real deveria convencer-se de que está “ferida de morte” politicamente e que pedir a demissão do seu cargo é a decisão mais acertada se não quiser prejudicar o Partido.
Caso não seja essa a sua decisão e o Partido ficar envolvido nesta polémica o resultado vai reflectir-se no dia 30 de Janeiro.