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Fundação José Berardo em risco de falência

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António Cotrim / Lusa

A sobrevivência da Fundação José Berardo “está dependente de apoio financeiro” do fundador, devido ao passivo de quase mil milhões de euros e que equivale às dívidas que três bancos tentam cobrar ao empresário madeirense.

A informação, noticiada esta quarta-feira pela TSF, consta do Relatório e Contas relativo a 2017 e que foi aprovado com reservas e alertas sobre a viabilidade daquela fundação, que estatutariamente está obrigada a financiar as despesas pessoais de Berardo e da família.

“A Fundação encontra-se numa situação de incumprimento perante as instituições financeiras” que nesse ano de 2017 superava os 800 milhões de euros, indica o documento e onde é assumido que “a continuidade das operações está dependente de apoio financeiro do fundador”.

Os revisores de contas que assinam o relatório consideram que o risco de falência não reside tanto no passivo, que em 2016 até era maior, mas no facto de a Fundação “ter, nos últimos anos, acumulado prejuízos significativos“.

O universo empresarial e financeiro de José Berardo tem sido alvo de forte escrutínio após a recente audição parlamentar do empresário madeirense, onde assegurou – em termos considerados ofensivos pelos deputados – que não tem quaisquer dívidas. Note-se que os bancos CGD, BCP e Novo Banco tentam recuperar dívidas próximas dos mil milhões de euros por empréstimos feitos ao empresário sem garantias bancárias sólidas.

Tudo indica que os bancos não conseguirão recuperar um cêntimo. A única hipótese parece estar, de facto, nas obras de arte à guarda do Centro Cultural de Belém – mas isso é outra Fundação.

A Fundação José Berardo é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) cujos estatutos já tinham sido postos em causa pelo Ministério Público (MP) nos anos 1990 por alegadamente facilitarem “a evasão e fraude fiscal”.

O MP questionava ainda o facto de os estatutos determinarem que os bens doados por Joe Berardo à fundação teriam de “prover à habitação, sustento, educação, saúde e demais despesas” do empresário e dos familiares, por daí decorrer que a instituição ficava “prioritariamente obrigada à satisfação daqueles encargos, que são próprios dos patrimónios privados”.

O tribunal rejeitou contudo a generalidade dos argumentos do MP e foi maioritariamente favorável à Fundação de Berardo, limitando-se a declarar nulo o artigo que dava ao fundador “o direito de dispor, por morte ou por ato entre vivos, dos bens a afetar à Fundação”.

Porém, se Berardo não colocar mais dinheiro na fundação, esta deixa de ter meios para cumprir os seus objetivos – os de financiamento da família e os de solidariedade social. Apesar de se saber ainda muito pouco sobre os negócios da Fundação, sabe-se muito menos sobre a atividade de cariz social que esta alegadamente desempenha.

ZAP //

10 Comments

  1. Mas se virem bem esta suposta fundação sempre esteve na falência, só ainda não desapareceu porque os bancos a mando de senhores muito pouco recomendáveis ignoraram sempre os pareceres negativos e aprovaram mais de mil milhões de empréstimo para este nem sem como o classificar!
    Agora quero ver quando vão atrás desses tais senhores que aprovaram o que nunca sequer deveria passar pela cabeça para aprovar!

  2. Só mais um complemento, acham que uma eta não faz falta?Eu cada vez mais acho que há muito que já deveria estar a limpar-nos desta corja de corruptos a começar pelos juízes que não servem para absolutamente nada!

    • por acaso por acaso … eta nao me parece a melhor solução, pois acabavam por nao restituir os bens , mas já umas paula- das , ai isso sim !!!

  3. jÁ ONTEM ERA TARDE. QUE FECHE DE VEZ. GRANDE PARTE DAS FUNDAÇÕES SÃO P/ LAVAR DINHEIRO E ROUBAR OS PORTUGUESES. MAIS NADA.

  4. Mas quem é que emprestou dinheiro a este SR? Onde é que estão as acções do BCP que ele adquiriu? Quem estava à frente da CGD nessa altura não era o atual presidente do Banco de Portugal? A esse não perguntam nada?!? Esta história está toda muito mal contada e não se pode apontar o dedinho só ao Sr. Joe Berardo, estou certo que a história tem mais ramificações e mais culpados do que os Media querem fazer saber.

  5. Dons feitos à fundação provavelmente deram benefícios fiscais ao fundador. Depois a benemérita instituição pagava as contas do senhor, família e descendentes. Quer dizer esses fundos evitaram impostos. Como é isso possível, que uma fundação possa reverter o que recebeu aos generosos doadores?

    • A Santa Casa da Misericórdia farta-se de fazer isto. Fica como herdeiro universal ou aceita a doação em vida em troca de assegurar o tratamento na velhice do benemérito. Creio que é até uma das grandes fontes de financiamento, pelo menos na forma de património imobiliário. Para se acabar com os Berardos, acaba-se também com esta fonte de rendimento da SCM.

  6. Podiam criar umas máscaras com aquela careta sorridente, e Fazer um filme de acção… Com um gang todos mascarados, a entrar em bancos, e assaltar.. ao estilo “Batman Dark Knight rises”.. …ou então, o Berardo, seria o Joker..!

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