Há fugas de gás nos gasodutos Nord Stream (e podem ser “intencionais”)

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Anatoly Maltsev / EPA

Há fugas significativas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 que deviam fornecer gás da Rússia à Alemanha, no Mar Báltico. Dinamarca e Suécia estão em alerta com receios quanto às consequências destas fugas que podem ter sido “intencionais”.

Nas últimas horas, foram detectadas quedas significativas de pressão em três áreas dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 que deveriam fornecer gás da Rússia à Alemanha.

As deficiências no gasoduto Nord Stream 2, que funciona em paralelo com o Nord Stream 1, foram detectadas na noite de domingo.

“As autoridades já foram informadas de que se registam dois pontos de fuga no gasoduto Nord Stream 1, que não está operacional, mas que contém gás”, alertou o ministro dinamarquês para o Clima e a Energia através de um comunicado citado pela agência France Press.

Na mesma nota, o governo da Dinamarca diz que o país está a “incrementar o nível de preparação do sector de electricidade e do gás”, mas não forneceu mais detalhes.

Entretanto, a Dinamarca definiu uma “zona proibida de 5 milhas náuticas” em torno do gasoduto, como reporta o Politico.

Dinamarca e Suécia em alerta

A situação está a ser vigiada de perto pelas autoridades dinamarquesas que consideram que “a fuga é perigosa”. “A navegação é proibida”, aponta a Autoridade Marítima Dinamarquesa num aviso aos marinheiros que é citado pelo Politico.

Já nesta terça-feira, a empresa que gere a infraestrutura comunicou que o Nord Stream 1 “também sofreu quebras de pressão” após as deficiências verificadas no Nord Stream 2, bloqueado após a invasão russa da Ucrânia.

“Na última noite, os funcionários do centro de controle do Nord Stream 1 registaram uma falha na pressão em ambos os tubos do gasoduto. Os motivos (da falha) estão a ser investigados“, apontou a companhia Nord Stream AG em comunicado.

Por outro lado, a agência russa Interfax, que cita a Administração Marítima da Dinamarca, noticiou fugas de gás na Zona Económica Exclusiva dinamarquesa, a noroeste da ilha de Borbholm, no Mar Báltico.

A Autoridade Marítima da Suécia também emitiu um aviso no âmbito de duas fugas registadas no Nord Stream 1 em águas suecas e dinamarquesas. Este país está igualmente a vigiar a situação, nomeadamente para garantir que nenhum navio se aproxima demasiado do local.

O governo da Alemanha também disse, nesta segunda-feira, que se verificou uma queda da pressão no Nord Stream 2 que se encontra concluído, com gás nos tubos, mas que não importa combustível depois de Berlim ter suspendido o processo.

A certificação do segundo gasoduto de gás russo para a Alemanha, através do Mar Báltico, foi bloqueada por Berlim no âmbito das sanções da União Europeia (UE) à Rússia devido à invasão da Ucrânia. Contudo, o Nord Stream 2 contém 117 milhões de metros cúbicos de gás natural que são avaliados em cerca de 213 milhões de euros aos preços actuais.

O Nord Stream 2 estende-se por 1.200 quilómetros debaixo do Mar Báltico, abrangendo águas territoriais russas, finlandesas, suecas, dinamarquesas e alemãs.

O Nord Stream 1, que foi inaugurado em 2012, funciona em paralelo com o Nord Stream 2, mas a Rússia deixou de enviar gás através dele alegando obras de manutenção. A Alemanha argumenta que é uma retaliação pelas sanções da UE.

“Devemos assumir que fugas são intencionais”

Enquanto as autoridades supervisionam e estudam a situação, há quem considere que “é extremamente improvável que as fugas, em dois gasodutos diferentes, tenham ocorrido ao mesmo tempo”, como refere ao Politico o analista de energia Mateusz Kubiak que é sócio-gestor de uma consultora polaca nesta área.

“Acho que devemos assumir que foi intencional criar estes vazamentos“, aponta ainda Kubiak, notando que nem a Ucrânia, nem os países ocidentais, teriam interesse em boicotar o gasoduto. Assim, atira suspeitas sobre a Rússia.

Pode ser “grande acidente” com efeitos trágicos

Entretanto, há receios de que estejam em causa fugas de grandes dimensões, uma vez que a queda de pressão se registou quase da noite para o dia.

“A queda significativa na pressão que já ocorreu no gasoduto Nord Stream 2 dá motivos para temer que este seja um grande acidente e que quantidades significativas do perigoso gás metano com efeito de estufa já tenham vazado no Mar Báltico”, avisa o director da organização não-governamental Environmental Action Germany, Sascha Müller-Kraenner, citado pelo Politico.

“A aprovação do gasoduto deve, portanto, ser revogada imediatamente por razões de segurança e protecção climática”, aconselha ainda Müller-Kraenner.

As fugas submarinas estarão a ocorrer a uma profundidade provável de 60 a 70 metros, mas o gás natural pode borbulhar até à superfície, o que provocará grandes danos ambientais.

Este gás é altamente inflamável e pode aumentar consideravelmente o efeito de aquecimento global, chegando a ser definido como “CO2 com esteróides”.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O comuna, normalmente é uma criatura que está na mó debaixo.
    Mas nunca anseia passar para a de cima!
    Só o satisfaz, ver os outros passarem para a dele…

  2. Em janeiro e em fevereiro deste ano o governo americano e o proprio presidente Biden afirmou que esta via de transporte de gás para a europa ia acabar, a mal ou a bem. Afirmou mesmo que tinha os meios e que os isa usar para que isso se tornasse realidade.
    O Inverno está a chegar.

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