Putin: gasodutos Nord Stream podem ter uma outra bomba por explodir

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Anatoly Maltsev / EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin, lançou esta quarta-feira a suspeita de que uma outra bomba pode estar sob os gasodutos Nord Stream, semelhante à que explodiu em setembro no mar Báltico.

“A cerca de 30 quilómetros do local da explosão, foi encontrado um poste (…). Os especialistas acreditam que possa ser uma antena para receber um sinal com vista a ativar um engenho explosivo”, salientou o chefe de Estado russo à televisão Russia-1.

Putin referiu ainda que o dispositivo “pode estar colocado sob o sistema de gasoduto”, apesar de não confirmar esta informação.

O líder russo especificou que os especialistas do consórcio estatal de gás Gazprom encontraram a alegada antena no local mais vulnerável do gasoduto, na interceção de dois tubos.

Por isso, sublinhou, a Rússia quer obter autorização das autoridades dinamarquesas para, se possível, “formar um grupo internacional de peritos e técnicos antibombas que possam trabalhar a essa profundidade e fazer a investigação necessária”.

“E, se necessário, desarmar o engenho explosivo, se houver, claro”, insistiu, embora admita que até agora a Dinamarca não respondeu afirmativamente.

Vladimir Putin reconheceu que a Rússia tem “muita dificuldade” em realizar as suas próprias investigações ao não ter permissão para o acesso ao local do acidente.

Apesar de lembrar que não existem precedentes, o Presidente russo destacou que é teoricamente possível reparar o gasoduto, embora exija tempo, recursos e novas tecnologias.

Putin realçou que o gasoduto tem futuro desde que os países europeus se interessem e se guiem pelo “instinto dos seus interesses nacionais” e não obedeçam aos comandos de Washington.

O governante descreveu como um “total absurdo” que a Ucrânia possa ser responsável pelo que considera um “ataque terrorista”, argumentando que este ataque só pode ter sido perpetrado por especialistas apoiados por um Estado que possui a tecnologia necessária.

“Que é um ataque não é segredo para ninguém. Acho que todo o mundo já admitiu. Aliás, um atentado cometido, evidentemente, a nível estatal, porque nenhum aficionado pode realizar tal ação”, vincou.

Quanto aos responsáveis, Putin considerou que os Estados Unidos “estão interessados em suspender o fornecimento de hidrocarbonetos russos para o mercado europeu”, de forma a fornecer o seu gás natural liquefeito, que “é 25-30% mais caro que o russo”.

O jornal “The New York Times” e a revista alemã Spiegel noticiaram recentemente que um grupo pró-ucraniano pode estar por trás do ato de sabotagem.

Em contraste, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou qualquer ligação do seu Governo com as explosões nos gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha.

Há uma semana, Moscovo anunciou que procurará vota no Conselho de Segurança da ONU uma proposta para iniciar uma investigação internacional.

Em setembro de 2022 já Putin qualificava a explosão nos gasodutos como um “ato de terrorismo internacional” e apontava os EUA como principal suspeito do Kremlin.

Os ataques aos gasodutos, que não estavam em serviço, provocaram duas fugas em cada um deles, duas na zona dinamarquesa e duas na zona sueca, todas em águas internacionais.

Os gasodutos Nord Stream I e II há muito que eram alvo de acérrimas críticas dos Estados Unidos e de alguns dos seus aliados, ao alegarem que constituíam um risco para a segurança energética da Europa devido à crescente dependência do gás russo.

A Alemanha interrompeu a certificação do Nord Stream II, que ainda não estava em funcionamento, após a invasão russa da Ucrânia de 24 de fevereiro de 2022, e Moscovo interrompeu o fornecimento de gás no Nord Stream I algumas semanas antes do ataque à infraestrutura instalada sob o mar Báltico.

Lusa //

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