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Frente Nacional muda de nome e tenta fazer esquecer o passado

Ian Langsdon / EPA

A Frente Nacional, partido de extrema-direita francesa, mudou de nome esta sexta-feira e passou a chamar-se Reunião Nacional, numa tentativa de esquecer o fracasso das últimas eleições.

“Fica a nossa homenagem à Frente Nacional e um viva ao Reunião Nacional!”, declarou Marine le Pen, presidente do novo partido, num discurso proferido em Lyon, no leste de França. Le Pen adiantou que o novo nome foi aprovado por mais de 80% dos militantes do partido, pouco mais de metade dos inscritos.

A mudança de nome “fecha um capítulo da história do nosso movimento nacional, iniciado há um pouco mais de 45 anos, apenas para começar um novo, ainda mais glorioso”, declarou Le Pen, que fez também referência aos partidos aliados de extrema-direita na Europa, como em Itália, chamando-os de “povo europeu que desperta”.

A líder assegurou que o objetivo mais imediato são as eleições europeias de 2019, para as quais emitiu um apelo para a unidade de todas as forças políticas “que partilham o mesmo combate”.

Muito crítica do que classificou como “o golpe de Estado tentado em Itália”, Le Pen condenou a “tirania dos comissários europeus e dos mercados” e garantiu que as eleições europeias serão “uma autêntica revolução” no continente.

A nova designação da Frente Nacional, proposta por Marine le Pen no Congresso do partido, em março, marca o ponto de reorganização de um partido que quer se livrar de seu passado racista e anti-semita, procurando com isso encontrar aliados para a vitória.

Emmanuel Macron reuniu atrás de si os globalizados, agora nós vamos reunir os nacionalistas”, afirmou Philippe Vardon, membro do Gabinete Nacional da RN, antiga FN. Nathalie Germain, militante desde 2013, celebrou uma denominação que “retira o ar um pouco guerrilheiro da palavra Frente, que foi legítimo até uma dada altura”.

“Traição”, denunciou por sua vez Jean-Marie le Pen, pai de Marine Le Pen e presidente do partido durante quase 40 anos. “É uma longa e corajosa história militante que estamos a rejeitar”, criticou.

O nome muda, a política mantém-se

A RN vai manter o emblema da chama azul, branca e vermelha, que passará a ser contornada por um círculo, lembrando o símbolo do neo-fascista Movimento Social Italiano, hoje desaparecido, de onde veio boa parte da inspiração da antiga FN.

Num inquérito, outono, a maioria dos militantes disse estar “afeiçoados à chama”. O logotipo do partido incarna os temas mais importantes para a sigla, como a segurança e a imigração. A primeira campanha eleitoral com o emblema tinha como lema “1 milhão de desempregados significa 1 milhão de imigrantes em excesso”.

Apesar do novo nome, tudo indica que a linha política do RN continuará a mesma: de extrema-direita.

// RFI / Lusa

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