No ano passado, o salário médio por trabalhador subiu 2%, enquanto que o custo nominal da habitação disparou mais de 10% – cinco vezes mais.
Em 2018, comparativamente a 2017, o indicador que mede o custo da habitação em relação ao rendimento disponível das famílias portuguesas teve o maior agravamento do grupo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
Segundo os dados do panorama económico da OCDE, Portugal registou uma subida de 6% (a maior subida destes registos) nessa disparidade num grupo de 22 economias estudadas. Segundo o Dinheiro Vivo, o preço das casas é dos que mais sobe neste grupo da OCDE, os salários, nem por isso.
Isto significa que, neste grupo da OCDE, as famílias portuguesas são as que mais perdem poder de compra em 2018, tendo em conta a subida de preços quase generalizada da habitação no território.
O segundo maior aperto nesta relação ocorre na Irlanda, onde a subida anual foi de 5,3% em 2018. Na Holanda, um dos países mais ricos da zona euro, o aumento da disparidade foi de 5,2%, posicionando-se em terceiro lugar.
No extremo oposto aparecem dois países escandinavos, onde as casas estão a ficar mais acessíveis face ao poder de compra: o custo relativo da habitação em relação aos níveis de rendimento das famílias caiu 4,9% na Suécia e 3,3% na Finlândia, mostram os mesmos cálculos do DN/Dinheiro Vivo.
Os dados mostram também que este indicador da disparidade financeira no acesso à habitação está a apertar cada vez mais em Portugal, um fenómeno que já dura há três anos consecutivos. Em 2017, o agravamento foi de mais 5,6%.
Neste estudo, a OCDE mostra algo que ajuda a explicar o que está a acontecer. Portugal teve, em 2018, o segundo maior aumento nominal do preço das casas (num grupo de 33 países), com uma subida superior a 10%, cinco vezes mais do que a expansão salarial.
Em contrapartida, o salário médio por trabalhador teve dos avanços mais baixos (11.º mais fraco) no tal grupo de 33 economias. O aumento médio nominal salarial ficou em 2% no ano passado.